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Empoderada, Cleo quer brilhar na música sem o Pires: "Tinha medo do palco"

Cleo, agora sem o Pires - Divulgação
Cleo, agora sem o Pires Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

20/10/2018 04h00

Ela posta fotos sensuais e fala abertamente sobre sexo, e é criticada por isso. Faz novelas, filmes, propagandas, e é criticada por isso. Também lança música popcom clipes um tanto insólitos, e adivinhem? Falem mal, mas falem de mim: Cleo, agora sem o “Pires”, tem o dom de virar notícia e capitalizar o sucesso em cima de sua constante repercussão na mídia. Mas que fique claro: nada (ou quase) é feito de caso pensado.

“Eu não saberia dizer [o motivo de despertar tanta atenção]. Eu digo o que penso, o que acredito e o que sinto. E, em algumas situações, isso é considerado tabu”, diz Cleo ao UOL, em entrevista concedida por e-mail, já que sua agenda estava cheia. A pauta: falar da guinada na música e tudo o que orbita esse novo universo, um sonho antigo que ela enfim viu concretizar.

Este ano, Cleo surpreendeu público e crítica ao anunciar que também é cantora. Paralelamente à carreira de atriz., lançou dois EPs, “Jungle Kid” e “Melhor que Eu”, que trazem faixas como "Bandida" e "Trapped". Seu estilo pode ser descrito como polivalente. Junta pop, dark, grunge, ambient, rock, MPB. Tudo junto e misturado e bilíngue, com letras em português e inglês.

"Digo que a minha música não possui um gênero definido. Escuto tantos sons diferentes que as minhas músicas possuem várias inspirações", analisa

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

UOL - O que mais pesou na decisão de se lançar na música?

Era um grande sonho meu. Escrevo desde os 12 anos e cheguei a ter uma banda na adolescência, mas tinha bastante medo do palco e, por isso, decidi colocar o sonho de lado por um tempo. Na época a carreira como atriz estava indo muito bem, também, então foquei nisso. O que mais pesou foi a minha vontade de fazer música, que se tornou maior que tudo. Há alguns anos vinha analisando a possibilidade de iniciar a carreira e ano passado resolvi dar o "start". Hoje fico muito feliz com essa decisão. Estou muito realizada.

Publicamos uma lista que compara o clipe de “Trapped” a filmes de terror. Você gostou? Houve alguma inspiração involuntária?

Eu adorei, ficou bastante criativa! Para o clipe, nós nos inspiramos um pouco no Marilyn Manson, porém a lista trouxe referências bem interessantes que, analisando agora, faz sentido. (risos)

Quais são seus filmes ou séries favoritas do gênero terror? Por quê?

Nossa, eu tenho muitos filmes e séries favoritos, não sei se conseguiria escolher apenas um... Eu acho o tema terror muito interessante porque não é um gênero cinematográfico fácil de fazer, é complicado quando você tenta mexer com o medo das pessoas, pode se dar muito bem, mas também pode ser desastroso. Como artista, sei do desafio que é e isso me desperta um interesse.

Quais são suas principais referências como cantora pop?

Eu não me colocaria no gênero pop, na verdade, eu acho que rótulos limitam o trabalho do artista. Costumo dizer que a minha música não possui um gênero definido (risos) Eu escuto tantos sons diferentes que as minhas músicas possuem várias inspirações. Tenho referências como Michael Jackson, Nine Inch Nails, Pearl Jam, Kanye West, No Doubt, M.I.A., Boo Thang, Caetano Veloso, Marina Lima, Fernanda Abreu, Maria Bethânia, Gal, Elis Regina.

A música faz tanto parte da minha vida quanto a atuação. São duas vertentes que me completam como ser humano e como artista. Não teria como escolher uma ou outra. Trabalho bastante para conseguir conciliar tudo e tenho sido muito feliz nessa tarefa. Tem dado supercerto.
Cleo

Praticamente tudo o que você faz ou diz vira notícia, repercute ou viraliza. Por que acha que há tanto interesse do público em você?

Eu não saberia dizer. Eu digo o que penso, o que acredito e o que sinto e, em algumas situações, isso é considerado tabu.

Em um post recente, você diz que passou a se empoderar em cima do ódio das pessoas. Como você descreveria o estilo Cleo de empoderamento?

Nós sempre teremos dúvidas, sempre ficaremos abaladas, mas não podemos deixar isso virar uma verdade. Temos que nos questionar e fazer uma autoanálise. Se, no final das contas, não está fazendo mal a ninguém e você sabe de onde vem, porque está fazendo essas coisas, ou seja, se for genuíno e te faz bem, então a balança positiva ganha e você se empodera disso.

Em uma entrevista, você disse que a retirada do “Pires” do seu nome artístico tem a ver com uma duas inspirações na música, a cantora Cher. Como sua mãe e família lidaram com a mudança no nome?

Eu continuo tendo o nome da família, isso não mudou. Artisticamente é que mudou. Além disso, fui criada em uma família que apoia a independência e liberdade de todos, sou muito sortuda.