Austríaca de 96 anos que enfrentou nazistas encara o "fim" da vida cantando metal
“Meu espírito tem vida, mas minha carne está cansada”. Poderia ser uma letra de uma música de heavy metal, mas é apenas uma constatação da austríaca Inge Ginsberg sobre como encara ser uma idosa de 96 anos. Um dos segredos para esta senhora que precisou escapar do nazismo e do holocausto está justamente no metal. Já nonagenária, ela acabou virando vocalista de uma banda, que revigorou seu fôlego.
Inge virou tema de um sensível minidocumentário do “The New York Times” (assista abaixo, em inglês), que vai muito além do fato incomum de uma senhora cantar metal pesado e fala muito mais sobre o que é envelhecer.
“Na cultura americana e europeia, os idosos são excluídos da sociedade. Você precisa ter a chance de ser ouvido”, diz ela, que hoje vive parte do tempo na Suíça e parte do tempo em Nova York.
Uma das ocupações preferidas da austríaca é escrever poemas. Quando Pedro da Silva, compositor e guitarrista da banda, viu alguns deles falando sobre morte e sangue, falou: “Ei, isso parece death metal. Então, ela escreveu as letras e nós fizemos as músicas”.
“Nós destruímos a cultura / aniquilamos a natureza / sufocamos em sujeira / tudo bom e bonito acabou”, canta ela em uma de suas músicas. A iniciativa começou há alguns anos e em 2014 ela gravou um clipe para a música “Totenköpfchen", que significa “dê risada da morte”. “Você não pode evitar a morte, então dê risada dela”, aconselha ela.
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Ela participou do “Switzerand’s Got Talent”, onde se apresentou no palco, e fez audição para o “America’s Got Talent”.
“Meu talento não é cantar, e sim sobreviver”
Inge tem uma história de dificuldades. Viveu 4 anos de perseguição de Hitler e os nazistas e teve de escapar para as montanhas, onde conta que quase morreu de frio. Seu marido escapou para a Suíça, e ela também conseguiu cruzar a fronteira.
“Cheguei na Suíça como refugiada em 1942, depois, vigiei uma vila para o serviço secreto”, relembra ela, que diz que sempre encarou tudo com um sorriso no rosto.
Depois da guerra, ela e o marido, Otto Kollmann, mudaram-se para Hollywood e viraram compositores, emplacando canções com nomes como Nat King Cole, Doris Day e Dean Martin.
“A vida é uma terra de solidão. Chega o tempo em que sua família e amigos vão embora. Você tem de fazer algo que te deixe feliz. Eu faço poesia”, diz ela, sobre a forma como achou para ser lida e ouvida, com suas músicas de metal. E brinca: “É importante se manter ativo. Vocês podem rir de mim, mas só se chegarem aos 94 anos”.
Veja o documentário:
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