Topo

Clássicos, lados B, críticas políticas: O show do Pearl Jam no Lolla Brasil

Pearl Jam no Lollapalooza 2018 - Mariana Pekin/UOL
Pearl Jam no Lollapalooza 2018 Imagem: Mariana Pekin/UOL

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

24/03/2018 23h29

O Pearl Jam encerrou o Lollapalooza Brasil 2018 neste sábado (24) fazendo o show que os fãs queriam: dezenas de clássicos intercalados com lados B da banda que raramente aparecem juntos em um único repertório.

Se na apresentação do Imagine Dragons, que tocou antes da banda de Eddie Vedder, o Autódromo de Interlagos já estava lotado, quando chegou a vez de "Alive", última música do setlist, a multidão já havia tomado conta do palco Budweiser para cantar alto os sucessos de um grupo que está há quase 28 anos na estrada.

Eddie Vedder

O líder do Pearl Jam tem 53 anos e disposição de alguém com a metade da idade. Tudo bem que Eddie Vedder não escala mais a estrutura de palco nem se joga na galera como fazia nos anos de 1990, mas a chama ainda queima neste tiozão.

Ele, que manteve a voz praticamente intacta com o passar dos anos, ainda arrisca algumas notas agudas, como em "Do the Evolution", movimentando-se no palco o tempo todo, correndo de lá para cá com o microfone, e empolgando geral --o frenesi foi grande quando se dirigiu até o fim da passarela, colando na grade.

"Boa noite", ele saudou o público, abrindo uma garrafa de vinho. "É uma bênção estar aqui com essa galera incrível hoje. Vocês estão na televisão, então acenem para suas famílias", emendou ele, lendo uma folha com o texto em português. Na última apresentação do Pearl  Jam no Lollapalooza Brasil, em 2013, eles não haviam liberado a transmissão do show na TV.

Pearl Jam político

"A juventude americana foi às ruas hoje porque ela tem o direito se de sentir segura nas escolas. Estamos mudando o mundo para melhor. Nós veremos mudanças nos Estados Unidos com relação ao porte de armas e nos sentiremos seguros nas ruas", bradou Vedder, referindo-se à marcha contra as armas de fogo que mobilizou 800 cidades americanas neste sábado.

"Eu sei que nosso país é semelhante como o de vocês em muitas coisas. Há muita merda acontecimento, e estamos tentando mudar isso", completou, antes de cantar "Can't Deny".

"Apenas pegue a merda de uma guitarra e ligue em um amplificador, como Mike McCready fez", ele disse. E qual o resultado disso? "Even Flow", música que ouvida com raiva no sistema de som do Lollapalooza.

Em seus discursos, Vedder ainda lembrou da Amazônia e do cuidado em preservar a fauna e flora da região.

Estamos nos anos 1990

Como é de praxe nos shows do Pearl Jam, o álbum "Ten" (1991) foi o que mais preencheu o repertório: "Go", "Even Flow", "Jeremy", "Black", "Porch", "Alive" e "Once".

Não faltaram também "Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town", "Corduroy" e "Better Man", que transportaram a multidão para a já longínqua década de 1990.

Para coroar as lembranças daqueles tempos, de surpresa, o vocalista ainda puxou um "feliz aniversário" para Perry Farrell, criador do Lollapalooza, que subiu ao palco para receber a homenagem. O vocalista do Jane's Addiction ainda cantou junto da banda a clássica "Mountain Song".

Covers

É fato: o Pearl Jam adora "roubar" trechos de músicas do repertório de outras bandas. 

Desta vez teve passagem de "Third Rock From The Sun", de Jimi Hendrix, uma ideia do guitarrista Mike McCready, enquanto solava a guitarra atrás da cabeça, assim como fazia o autor da faixa. Pouco depois, um riff de "War Pigs", do Black Sabbath, também foi incrementado.

Vedder também lembrou de David Byrne, que havia se apresentado poucas horas antes no evento, tocando "Pulled Up", dos Talking Heads.

Já chegando ao final do show, "Confortably Numb" veio na íntegra, com direito a solos. Uma lembrança a Roger Waters, ex-baixista e compositor do Pink Floyd. Para encerrar tudo em grande estilo, "Baba O'Riley", do The Who.

Brasil, o melhor público

A gente já conhece esse discurso: praticamente toda banda estrangeira que pinta por aqui elogia o público brasileiro. E com o PearlJam não foi diferente dessa vez,  mas os fãs fizeram por merecer, sejamos justos.

Cantaram junto as músicas antigas, os lados B, as faixas mais recentes, celebraram qualquer graça dos integrantes, abraçaram Vedder quando ele se plantou perto do palco e quase ninguém arredou o pé até o fim da apresentação, pouco depois das 23h, completando a maratona de festival.

As músicas que o Pearl Jam tocou no Lolla Brasil:

"Wash"
"Corduroy"
"Do the Evolution"
"Why Go"
"Mind Your Manners"
"Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town"
"Can't Deny Me"
"Even Flow"
"Mountain Song" (Jane's Addiction)
"Breath"
"Pulled Up" (Talking Heads)
"Unthought Known"
"Jeremy"
"Sirens"
"Down"
"Better Man"
"Hold On"
"Black"
"Once"
"Lukin"
"Porch"
"Smile"
"Comfortably Numb" (Pink Floyd)
"Alive"
"Baba O'Riley" (The Who)
"Yellow Ledbetter"