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Nobel de Literatura, Modiano faz estudo da ocupação nazista em livros

O francês Patrick Modiano foi anunciado o vencedor do Prêmio Nobel da Literatura 2014, nesta quinta-feira (9) - Gallimard/ AP
O francês Patrick Modiano foi anunciado o vencedor do Prêmio Nobel da Literatura 2014, nesta quinta-feira (9) Imagem: Gallimard/ AP

Do UOL, em São Paulo

09/10/2014 09h09

A memória, o esquecimento e a identidade são temas comuns na obra do escritor Patrick Modiano, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2014, divulgado na manhã desta quinta-feira (9).

Considerado o escritor francês mais importante da atualidade, Modiano fez, ao longo da vida, um verdadeiro estudo da ocupação nazista e seus efeitos na França. Os eventos que ocorreram na época servem, quase sempre, como pano de fundo para suas histórias – construídas, inclusive, sob uma base autobiográfica muito forte.

O próprio Prêmio Nobel, ao anunciar o vencedor, realçou a “a arte da memória” de Modiano “com a qual evocou os destinos humanos mais inalcançáveis e descobriu o mundo da vida da ocupação".

Patrick Modiano, cujo romance “Uma Rua de Roma” ganhou o prestigiado Prêmio Goncourt em 1978, nasceu em 30 de julho de 1945, em Boulogne-Billancourt, um subúrbio de Paris. Seu pai, de origem italiana judaica, era um homem de negócios e sua mãe belga, atriz. Foi durante a ocupação que o casal se conheceu.

Ele estudou no Lycée Henri-IV em Paris, onde seu professor de geometria era Raymond Queneau, um escritor que desempenharia um papel decisivo para o desenvolvimento do futuro escritor. Já em 1968, Modiano fez sua estreia com “La place de l'Etoile”, um romance que atraiu muita atenção.

A porção autobiográfica vem diluída em histórias de entrevistas, artigos de jornais ou notas que ele acumula desde que começou a escrever. Todos esses elementos servem como base de suas obras. Sendo assim, alguns personagens se repetem em outros livros ou contos.  Paris não é apenas o cenário principal da maioria de seus livros, mas é considerada quase como um participante criativo e ativo de suas histórias. 

Uma obra de caráter documental, com a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, é “Dora Bruder” (1997), que se baseia, na verdade, no conto de uma menina de quinze anos em Paris, vítima do Holocausto. Já “Un pedigree” (2004) ressalta a veia autobiográfica.

Algumas das obras de Modiano foram traduzidos para o Inglês e ganharam edições nacionais pela editora Rocco e pela Cosac Naify, como “Vila Triste”, “Dona Bruder”, “O Horizonte”, “Ronda da Noite”, “Uma Rua de Roma” e “Meninos Valentes”. Seu último livro, “Filomena Firmeza”, foi lançado neste ano pela Cosac Naify.