Gabriel García Marquez não escreverá mais livros, confirma irmão do escritor
De acordo com o jornal espanhol "El País", o escritor colombiano Gabriel García Marquez, contemplado em 1982 com o Prêmio Nobel de Literatura, não vai mais escrever. A informação foi divulgada pelo irmão mais novo de Marquez, Jaime García Marquez, nesta sexta-feira (6), devido ao estágio avançado de demência senil do autor de 85 anos.
Na nota "Não haverá mais letras escritas por Gabo", a colunista do jornal Elsa García de Blas conversou com o irmão do autor, Jaime, sobre o atual estado de saúde do escritor de "Cem Anos de Solidão". "Às vezes choro. Mas sinto uma felicidade dolorosa de ainda ter o privilégio de falar com ele", diz o irmão. Apesar da doença, Jaime diz que Marquez continua alegre. "Ainda assim ele segue com sua alegria, entusiasmo e cheio de humor."
Marquez, que passa por um estágio avançado da doença mental e perdeu parte da memória, não tem mais condições de escrever, afirmou Jaime. "Infelizmente, não vamos ter a oportunidade de ler uma nova história. Às vezes a sensação é que existem pessoas que querem que ele morra, porque a notícia de sua morte seria muito importante, espero que isso não aconteça por muito tempo", declarou.
Em junho deste ano, Plínio Apuleyo Mendoza, jornalista e escritor de "Cheiro da goiaba", que reúne recordações de García Márquez antes dele receber o Nobel, disse à revista digital Kienyke que o autor de "Cem anos de solidão" já não reconhece mais as pessoas pela voz.Jaime García Márquez, que dirige a Fundação Novo Jornalismo Ibero-Americano (FNPI), criada por "Gabo" em 1994, em Cartagena, lamentou que seu irmão não esteja em condições de escrever a segunda parte de sua biografia "Viver para Contar", nem nenhuma outra obra.
Mendoza contou que telefonou para o amigo no último dia 6 de março, em seu aniversário de 85 anos, mas que ele não pode falar. "No dia que completou 85 anos, liguei para García Márquez mas não falei com ele. Conversei com Mercedes [Barcha, sua esposa] e ela prefere não passar o telefone para ele porque não reconhece", afirmou o jornalista.
Segundo ele, da última vez em que conversaram, já há alguns anos, o escritor "esquecia certas coisas e me perguntava: 'quando chegou', 'onde está hospedado', e repetia". Em compensação, disse, "fomos almoçar e recordar coisas muito antigas de 30 ou 40 anos atrás, remotas, e a memória funcionava perfeitamente".
Mendoza acrescentou que o filho mais velho de García Márquez, o cineasta Rodrigo, que é seu afilhado, revelou que seu pai tem que ver as pessoas "porque senão, pela voz, não sabe com quem está falando". O jornalista também recordou que tanto a mãe do escritor como um de seus irmãos, que já morreram, sofreram de Alzheimer.
A ideia que o prêmio Nobel tem perdido paulatinamente a memória está no ar desde que seu biógrafo, o britânico Gerard Martin publicou, em 2009, um livro com sua história.
Irmão de García Márquez confirma que escritor sofre de demência senil
Num encontro com participantes do programa cultural Ruta Quetzal BBVA, no Museu da Inquisição, na cidade caribenha de Cartagena, o irmão do prêmio Nobel de Literatura disse que "do ponto de vista físico ele está bem, embora já tenha alguns conflitos de memória", que se agravaram pelo câncer linfático que enfrentou em 1999.
"Em nossa família, todos sofremos de demência senil e ele já tem os estragos causados pelo câncer, que quase o matou. A quimioterapia salvou sua vida, mas também acabou com muitos neurônios, muitas defesas e células e isso acelerou o processo", explicou.
Jaime García Márquez explicou que o estado de saúde de seu irmão é uma notícia que, por diferentes razões, mantiveram relativo segredo, não porque exista algo grave que não possa ser divulgado, "mas porque se trata de sua vida, e ele sempre tentou protegê-la".
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