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Escritora ganhadora de Nobel, Nadine Gordimer morre aos 90 anos

A escritora sul-africana Nadine Gordimer durante entrevista, em Paraty, em 2007 - Ana Ottoni/Folhapress
A escritora sul-africana Nadine Gordimer durante entrevista, em Paraty, em 2007 Imagem: Ana Ottoni/Folhapress

Do UOL, em São Paulo *

14/07/2014 10h59

Ganhadora do prêmio Nobel de Literatura, a escritora sul-africana Nadine Gordimer morreu na noite deste domingo (13), informou a editora Feltrinelli. Ela tinha 90 anos e lutava contra um câncer no pâncreas.

Conhecida por combater o regime de segregação racial em seu país, Nadine estava em casa e acompanhada dos filhos, Hugo e Oriane.

Em março deste ano, Gordimer declarou que estava com a doença e que não conseguia mais escrever. "Escrever me deixa mal e sou muito crítica, muito exigente com meu trabalho e não acredito que aceitaria algum trabalho que não me satisfaz", disse à revista italiana “Republica”.

A escritora foi uma das mais importantes vozes contra o apartheid na África do Sul e, a maior parte dos seus mais de 30 livros, foi focada na situação social do país durante esse período.

Autora de mais de 30 livros, sendo a maioria sobre a situação social na África do Sul durante o apartheid. Nadine ficou mundialmente famosa com o romance "A filha de Burger", publicado em 1980. Seu primeiro romance, "The Living days", saiu em 1953.

Gordimer ganhou um prêmio Nobel de Literatura em 1991 pelo conjunto da obra. Na época, os responsáveis pela premiação declararam que a escritora trouxe "através de sua escrita épica, grandes benefícios para a humanidade". Ela também recebeu o Booker Prize de 1974 e, mais recentemente, a premiação Legião da Honra, na França.

"Doloroso"
Nadine, que teve parte de seus livros banidos da África do Sul durante o apartheid, participou da Flip, Festa Literária Internacional de Paraty, em 2007, em uma mesa de discussão com o escritor israelense Amós Oz, onde o assunto foi a política.

"Qualquer tipo de investigação da espécie humana é uma atividade política. E a política também interfere na vida íntima das pessoas. Até a vida sexual dos cidadãos era afetada no período do apartheid", diz.

Na ocasião, a escritora disse ser dolorosa a leitura de seu trabalho como alegoria política, principalmente após o ano de 1994, que marcou o fim do regime que combatia. "As pessoas sempre me perguntam sobre a época do apartheid, mas já faz um bom tempo que ele acabou [1994]. Temos que falar de outras coisas, como a experiência e a convivência pós-apartheid", diz. Em "De Volta à Vida", a autora aborda os problemas ambientais por meio de uma doença do protagonista. 

* Com informações da ANSA