Cinzas de Lêdo Ivo serão sepultadas no mausoléu da ABL no Rio

O corpo do escritor Lêdo Ivo, que morreu na madrugada deste domingo (23) aos 88 anos, será cremado na Europa e as cinzas serão depositadas nos primeiros dias de 2013 no Mausoléu da ABL (Academia Brasileira de Letras), no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Seus restos mortais, segundo informou a ABL, ficarão ao lado de sua mulher, Maria Leda Sarmento de Medeiros Ivo, que morreu em 2004.
Lêdo foi vítima de um infarto às 2h e morreu nos braços do filho, o artista plástico Gonçalo Ivo, que vive em Paris e o acompanhava na visita a Sevilha. Ele, que sofria de câncer de próstata, passou mal durante um jantar e chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e morreu no caminho.
"Ele estava na cidade de férias, onde ia passar o Natal com alguns familiares e retornaria na próxima semana a Maceió para cumprir seus compromissos de trabalho", disse à EFE a sobrinha do escritor, Laudicéia Eurídice Ivo.
Segundo a sobrinha do escritor, familiares e amigos estão se mobilizando para fazer uma missa no Rio de Janeiro e outra em Maceió. O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, decretou luto oficial de três dias.
"Lêdo Ivo é referência de sensibilidade poética e visão de mundo com o olhar do coração e da alma. Lêdo está no mesmo patamar que Aurélio Buarque de Holanda, Pontes de Miranda, Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz. Ele deixa um legado inestimável para a literatura brasileira. Estou decretando luto oficial no Estado por três dias. Meus sentimentos de pêsames aos seus familiares e amigos", escreveu o governador em sua página no Twitter.
Ao saber da morte, a presidente da ABL, Ana Maria Machado, determinou que a bandeira da Academia fosse hasteada a meio mastro, e convocou para o dia 10 de janeiro uma sessão acadêmica extraordinária. "Lêdo Ivo gozava de uma vitalidade assombrosa para seus quase 90 anos e sua saúde frágil. Falava alto, gostava de comer bem, se esmerava em contar histórias divertidas", comentou ela.
O Acadêmico Marcos Vilaça, ex-presidente da ABL, disse que Lêdo Ivo foi um dos mais assíduos confrades e um colaborador dedicado. "Nossa amizade nasceu ainda no tempo em que ele foi presença constante no Recife, onde fez boas amizades no meio intelectual. Gilberto Freyre e Mauro Mota lhe dedicavam muita admiração", falou em comunicado.
Carreira
Natural de Maceió, Lêdo era o quinto ocupante da Cadeira nº 10 da ABL, eleito em 13 de novembro 1986, na sucessão de Orígenes Lessa. Ele foi casado com Maria Lêda, com quem teve três filhos: Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.
Ele estreou na literatura em 1944 com o livro de poemas "As Imaginações", e no ano seguinte publicou "Ode e Elegia", com o qual ganhou o Prêmio Olavo Bilac. Seu romance de estréia, "As Alianças", foi publicado em 1947. Lêdo mudou-se para Paris no início de 1953 e voltou ao Brasil no ano seguinte para reiniciar suas atividades literárias e jornalísticas.
Em 1963, a convite do governo norte-americano, realizou uma viagem de dois meses (novembro e dezembro) pelos Estados Unidos, pronunciando palestras em universidades e conhecendo escritores e artistas.
Ele escreveu cinco romances e 26 livros de poesia, o último publicado em 2008. Entre suas obras destacam-se "Ninho de Cobras", "A Noite Misteriosa", "Ode ao Crepúsculo" e "Confissões de um Poeta".
CITAÇÕES DE LÊDO IVO
O poeta não deve crer nos anjos, mas nas palavras que os criam. |
O grande escritor não precisa ser nem muito inteligente nem muito culto. A inteligência e a cultura são contudo indispensáveis nos escritores menores. |
A poesia é uma criação da cultura, mas esta deve permanecer invisível no poema |
Nem sempre os grandes escritores são bons escritores |
Na vida precisamos sempre usar máscaras, pois ninguém nos reconheceria se nos apresentássemos de rosto nu |
Que eu mesmo, sendo humano, também passe mas que não morra nunca este momento em que eu me fiz de amor e de ventura. |
Leitor: co-autor do texto |
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