"Bohemian Rhapsody" estreia na China com censura de cenas sobre homossexualidade e HIV de Freddie Mercury
O filme sobre Freddie Mercury, "Bohemian Rhapsody" (2018), foi lançado na China no dia 22 de março, mas com censura a trechos que fazem referência à homossexualidade do cantor da banda Queen e ao seu diagnóstico de HIV.
Vários minutos do longa foram cortados, incluindo cenas em que dois homens se beijam e em que a palavra "gay" é pronunciada.
Na internet, houve uma grande reação ao lançamento do filme no país asiático. Mais de 50 mil usuários publicaram resenhas no Sina Weibo, equivalente ao Twitter no país e uma das redes sociais mais populares entre os chineses.
Embora alguns usuários tenham se queixado de "assistir ao filme pela metade e ter de adivinhar" o que acontecia na tela por causa das cenas eliminadas, outros se disseram satisfeitos pelo fato de o filme ter sido lançado no país.
O que foi cortado?
Na versão chinesa do filme, várias cenas foram alteradas ou excluídas. Referências explícitas ou implícitas à sexualidade de Mercury foram cortadas, incluindo uma cena importante em que ele sai do armário para sua então namorada.
Outras cenas removidas incluem um close-up da virilha de Mercury enquanto ele se apresenta, interações com seu companheiro Jim Hutton e toda a sequência em que o personagem e seus colegas de tela recriam o icônico videoclipe do Queen de 1984 para o single I Want to Break Free, em que os músicos se vestem com roupas femininas.
Qual foi a reação?
Milhares de chineses têm compartilhado pelas redes sociais avaliações do filme. A maioria é positiva - no Sina Weibo, por exemplo, 80% deram a nota máxima, cinco estrelas.
Mas também houve críticas às alterações. "Teria sido melhor se cenas não tivessem sido eliminadas", escreveu um usuário na rede social. "Por que é necessário excluir o conteúdo relacionado a gays? A vida de uma pessoa não deve ser completa?"
Outro usuário disse ser "muito bom que Bohemian Rhapsody esteja sendo exibido na China". "Mas o enredo foi comprometido por causa de cenas apagadas."
Por que foi censurado?
Relações homossexuais são legalizadas na China há mais de duas décadas, e a Sociedade Chinesa de Psiquiatria removeu a homossexualidade da classificação de transtornos mentais do país em 2001. Mas a censura ao filme foi amplamente antecipada.
Nos últimos anos, autoridades chinesas iniciaram uma campanha contra qualquer conteúdo considerado "inapropriado". Referências explícitas a relações entre pessoas do mesmo sexo são proibidas. Conteúdos gays são frequentemente removidos ou censurados pela mídia chinesa, para seguir as regras impostas pelo governo.
Em fevereiro, a cobertura do Oscar pela emissora Mango TV foi duramente criticada por alterar uma referência à homossexualidade no discurso de Rami Malek, que interpreta Freddie Mercury, ao receber o prêmio de melhor ator. A mesma emissora foi alvo de protestos em 2018 por censurar bandeiras do arco-íris, símbolo do movimento LGBTI, e tatuagens em sua transmissão do concurso musical Eurovision.
No início deste ano, o serviço de streaming iQiyi foi ridicularizado por borrar as orelhas de atores que usavam brincos, o que foi interpretado como uma tentativa de perpetuar os papéis de gênero "tradicionais".
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