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Netflix não está fazendo pessoas irem menos ao cinema, aponta estudo

Cena de "Os Incríveis 2" - Reprodução
Cena de "Os Incríveis 2" Imagem: Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

17/12/2018 14h21

A popularidade crescente dos serviços de streaming no mundo, especialmente a da Netflix, não está fazendo as pessoas preferirem ficar em casa a ir às salas de cinema, diferentemente do que muitos analistas de mercado vêm afirmando nos últimos tempos.

A conclusão é de uma pesquisa do Centro de Estudos Quantitativos em Economia e Finanças da EY, encomendada pela Associação Nacional de Proprietários de Cinema e divulgada pela revista "Variety". 2.500 pessoas foram ouvidas em novembro --80% viram pelo menos um filme nos cinemas no último ano.

De acordo com o estudo, quem foi ao cinema nove ou mais vezes nos últimos 12 meses consumiu mais conteúdo de streaming do que quem foi uma ou duas vezes no último ano, indicando que os serviços on demand não interferem no hábito de sair de casa para ver um filme.

Os que viram nove ou mais filmes nos cinemas tiveram em média 11 horas de streaming semanal, ante às sete horas assistidas no streaming por aqueles que assistiram de um a dois filmes nas salas.

Ainda segundo a pesquisa, quase metade das pessoas que disseram que não visitaram os cinemas também não conferiram nenhum conteúdo on-line, e apenas 18% dos que não foram ao cinema usaram o streaming por oito ou mais horas por semana.

"A mensagem aqui é que não há uma guerra entre streaming e o cinema", disse Phil Contrino, diretor de mídia e pesquisa da Associação Nacional de Proprietários de Cinema. "As pessoas que amam o conteúdo estão assistindo em todas as plataformas e todas as plataformas têm lugar na mente dos consumidores."

As preocupações sobre o hábito do público diante da explosão dos serviços de streaming cresceram especialmente no início de 2018, quando a Box Office Mojo divulgou que, em 2017, as bilheterias nos Estados Unidos e Canadá caíram 5,8% (cerca de US$ 1,24 bilhão), pior resultado de Hollywood em 25 anos.

Capitão América em cena de "Vingadores: Guerra Infinita" - Reprodução - Reprodução
O Capitão América em "Vingadores: Guerra Infinita", filme mais visto no cinema em 2018
Imagem: Reprodução

A expectativa para 2018, no entanto, vai na direção oposta. Segundo os resultados preliminares, blockbusters como "Vingadores Guerra Infinita", "Pantera Negra" e "Jurassic World: Reino Ameaçado", que juntos somam mais de US$ 4,5 bilhões arrecadados, devem fazer o ano bater recorde.

Vale lembrar que a associação americana dos exibidores, que é a favor do lançamento comercial de filmes do streaming, criticou publicamente a decisão da Netflix de abrir mão de lançar filmes como "Roma" e "Legítimo Rei" de forma tradicional.

A Netflix tem a política de colocar apenas algumas de suas produções no cinema, em sessões limitadas, para alinhar às produções às exigências do Oscar. Nesses casos, os filmes chegam de forma simultânea à plataforma e às salas.

TV paga sofre

Segundo Phil Contrino e outros analistas, no entanto, o streaming vêm de fato causando estrago para uma área específica do entretenimento: a dos serviços de TV por assinatura.

Segundo estimativas recentes da eMarketer, o número de pessoas que cancelaram tais serviços deve crescer 32.8% em 2018, com cerca 33 milhões de americanos preferindo economizar e/ou gastar com as plataformas on demand.