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Documentário mostra como filha e religião salvaram guitarrista do Korn do vício

Jennea Welch e o pai, o guitarrista Brian ?Head? Welch  - Spencer Kaufman
Jennea Welch e o pai, o guitarrista Brian ?Head? Welch Imagem: Spencer Kaufman

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

13/12/2018 13h29

O guitarrista do Korn Brian Welch, que deixou a banda em 2005 em meio ao vício em metanfetamina e, em seguida, se converteu ao cristianismo, está lançando um documentário biográfico, "Loud Krazy Love", que revela os bastidores de sua polêmica saída do grupo e de como a relação com a filha o salvou do pior.

Ele deixou de a rotina intensa de shows e estrada, com todos excessos clássicos do rock, para levar uma vida normal ao lado da pequena Jennea, que na época tinha sete anos de idade. Recuperado, Welch voltou ao Korn em 2013, mas demorou anos para voltar totalmente aos trilhos e exorcizar os fantasmas do passado.

Um desses traumas: quando o Korn estava em turnê, Jennea chegou a ver mulheres nuas passeando nos bastidores do que seria uma festa promovida pelos integrantes.

Ao lado da filha, o músico conversou com o site Consequence of Sound sobre essa e outras histórias do documentário, que ganhou o prêmio do público do Festival Internacional de Dallas e estreia esta semana na TV americana.

Ainda não há previsão de lançamento no Brasil.

Veja abaixo os principais trechos da conversa.

A saída do Korn

Brian Welch: "O bom do documentário é que é real e cru. Jonathan [Davis] relembra de sua irritação de quando eu era excessivamente religioso e dizia essas coisas estranhas para ele. Eles ficaram tipo 'Oh, meu Deus, o que aconteceu com ele? Esteve drogado esse tempo todo?'. Sabe, todos nós nos divertimos, mas a metanfetamina é um nível diferente de curtição. Então, eles estavam preocupados, mas enquanto isso eu estava dizendo todas aquelas coisas religiosas estranhas para eles, porque eu estava meio maluco na época. Agora posso rir de tudo isso."

Como sair da banda salvou sua vida

"Eu saí da metanfetamina e fui despertado espiritualmente, e era uma coisa real que estava acontecendo, mas eu não conseguia processar tudo. E então eu estava dizendo coisas estranhas, e havia muita zoação sobre isso. Mas eu estava descobrindo quem eu era e estava me isolando. E eu não lancei material solo por um tempo. Eu apenas me concentrei na Jennea."

Ser pai chapado

"Foi um período sombrio, mas, quando eu chegava em casa, Jennea ainda era minha prioridade. [A droga] era como se fosse uma coisa funcional. Era como se eu tivesse que continuar usando para não cair e adormecer. Eu estava sempre lá de manhã, fazendo café da manhã para ela e levando-a para a escola e tudo mais, quando eu estava em casa."

"Mas houve um tempo em que ela morava com uma família enquanto eu estava na estrada. E, quando voltei para a cidade, quis vê-la, mas isso interrompeu a rotina. Então, havia uma temporada em que eu ficava na casa deles e passava um tempo com ela e a colocava na cama. Depois eu voltava para minha casa. Era como fazer malabarismos com a vida, e eu não tinha nenhuma sabedoria sobre como fazer tudo isso, porque eu estava mal. Foi bem difícil, mas ela sempre foi minha prioridade, mesmo enquanto eu usava drogas."

O dia em que, aos cinco anos de idade, Jennea viu mulheres na estrada com o Korn

Jennea: "O filme descreve muito tudo isso, porque visualmente leva você de volta a quando eu era criança, e como, eu acho que sabia que as coisas não eram normais. Eu vivia uma vida normal e depois fui para a estrada. Tudo o que sei é que saímos daquela vida estranha, e então ele encontrou Deus, e nos mudamos para Phoenix, no Arizona, e tentamos viver uma vida normal. Obviamente ele estava desintoxicando. Eu acho que nosso relacionamento começou a se complicar quando eu tinha 11, 12, 13 anos. Há muito sobre isso no filme. Foi aí que comecei a perceber que as coisas não estavam certas e comecei a atuar e mostrar minhas emoções."

Arrependimento

Brian Welch: "Foi uma loucura e houve muita festa, mas não havia garotas nuas andando o tempo todo. Tive azar de ela aparecer e ver algo. Até hoje penso: 'Eu acredito que você tenha visto, mas como isso aconteceu quando você era tão pequena?' Ela tinha 5 anos de idade. Eu não a levaria onde uma festa maluca estivesse acontecendo. Pode ter sido uma coisa em que alguém saiu de um ônibus e foi para outro ônibus, ou meninas na plateia. Ouvir isso mexer comigo. Porque eu tentei fazer de tudo para protegê-la. Mesmo que minha vida fosse louca, ela sempre soube que o pai tinha feito tudo certo. Até hoje, embora ela já tenha 20 anos, dói ouvir algumas dessas coisas."