UOL Entretenimento Flip
 
#!vm;utf-8 $response.setStatus(301) ##moved permanently $response.sendRedirect("https://entretenimento.uol.com.br")

07/08/2010 - 12h32

Crítico inglês vê impasse entre o excesso e a falta de fé no mundo

MAURICIO STYCER
Crítico do UOL
Em Paraty (RJ)
  • Leandro Moraes / UOL

    O crítico Terry Eagleton, que, neste sábado, respondeu a acusações e disse ver impasse entre excesso e falta de fé no mundo (07/08/2010)

O mundo está preso num impasse “entre a falta de crença e o excesso de crença”. Esta é a opinião do britânico Terry Eagleton, um dos mais influentes críticos em atividade, que defendeu ideias originais e distribuiu bordoadas a granel na manhã deste sábado (7) na Festa Literária de Paraty.

Apresentado como um “velho marxista católico e punk” por Silio Boccanera, Eagleton reagiu com um misto de irritação e ironia. “Essa introdução sensacionalista me faz parecer mais como um lutador peso-pesado do que um intelectual”.

Mas o fato é que Eagleton não mede palavras no combate de ideias. Seu livro mais recente, “Reason, Faith, and Revolution: Reflections on The God Debate”, questiona diretamente as teses do evolucionista Richard Dawkins, defendidas em “Deus, um Delírio”.


“Minha objeção a Dawkins não é que ele não acredita em Deus, como muita gente, é que ele não tem a menor ideia do que significa acreditar em Deus. A doutrina da criação não tem nada a ver com como o mundo começou, como Dawkins erroneamente acredita”, disse Eagleton.

“A maioria dos ateus compra o ateísmo de forma barata”, diz. “Eles nem foram confrontados com o catolicismo de forma a rejeitá-lo. Você precisa lutar por isso, rejeitar alguma coisa sólida. É um sacrifício”, defendeu o crítico.

“Por que todo mundo está falando de Deus? Quer dizer, Leonardo di Caprio não está falando de Deus, mas Madonna está falando...”, começou, fazendo piada. “Quando Deus parecia ter se aposentado do debate público, ele está de volta. Deixe eu sugerir uma resposta: 11 de setembro.”

Islamismo x Ocidente
O duelo entre os islamismo radical e as sociedades ocidentais, na visão de Eagleton, transformou-se numa luta da fé contra a incapacidade de acreditar. “Cada parte empurra a outra para um extremo ainda maior. Quanto mais sem fé se tornar a civilização, mais a outra parte vai reagir. Estamos presos neste impasse”.

  • Na sexta-feira (6), o escritor Salman Rushdie (foto) havia chamado Terry Eagleton de "desonesto"

O radicalismo islâmico levou a uma distorção no debate sobre fé, acredita Eagleton. Intelectuais autodenominados liberais entendem que o problema da civilização, hoje, é a religião. “Eles acreditam que se tirássemos a religião da nossa frente poderíamos caminhar para um novo iluminismo. Não consigo pensar em uma coisa mais preconceituosa do que isso."

Eagleton cita especificamente os escritores Christopher Hitchens e Martins Amis como defensores desta “visão preconceituosa”. Também menciona, com menos ênfase, o escritor Salman Rushdie, que na noite de sexta-feira se mostrou ofendido com as menções do crítico à sua posição e o chamou de “desonesto”.

Provocado por Boccanera a explicar melhor sua divergência com Rushdie, Eagleton falou: “As pessoas que fizeram críticas mais fortes sobre o islamismo, como Hitchens, Amis, Ian McEwan, Salman Rushdie, pessoas que rotulam genericamente os muçulmanos como terroristas, se proclamam intelectuais liberais. Supostamente são as pessoas que deveriam falar em nome da tolerância. Islamismo radical é um fenômeno feio. Não há como defender isso. Mas os que exageram são os liberais literários da Inglaterra”.

Em seguida, Eagleton minimizou a sua crítica a Rushdie. “Obviamente há diferenças individuais no grupo que acabei de mencionar. Estamos falando de islamofobia. A linha foi cruzada muitas vezes por Amis e Hitchens. Eles odeiam o islamismo porque odeiam toda a religião. Mas não têm o direito de confundir uma minoria com todos os muçulmanos.”

O crítico arrancou aplausos ao dizer que “a civilização ocidental é permeada de formas de fundamentalismo evangélicos”. E acrescentou: “Talvez porque a União Soviética não exista mais, as pessoas precisam de um novo bicho papão. Gostaria de ouvir Rushdie e Amis falarem isso de forma mais alta. Como se os bárbaros fossem só os outros.”

Na visão de Eagleton “barbárie e civilização” caminham juntas. “A crença liberal ilustrada por Dawkins é que houve barbárie e depois civilização e que sempre podemos voltar para trás. Os marxistas sempre defenderam que barbárie e civilização são sincrônicos.”

 

 

#!vm;utf-8 $response.setStatus(301) ##moved permanently $response.sendRedirect("https://entretenimento.uol.com.br")

Compartilhe:

    #!vm;utf-8 $response.setStatus(301) ##moved permanently $response.sendRedirect("https://entretenimento.uol.com.br")

    GUIA DE RESTAURANTES

    Mais Guias

    Hospedagem: UOL Host