A escritora Isabel Allende durante coletiva de imprensa na Flip (05/08/2010)
Atração mais popular da 8ª edição da Festa Literária de Paraty, a escritora Isabel Allende enxerga a permanência de um preconceito contra a sua obra por conta do sucesso de seus livros. "Na Europa e nos Estados Unidos não é pecado vender livros. No Chile é", disse em concorrida entrevista na manhã desta quinta-feira (5).
"É muito difícil saber por que um livro faz sucesso. Às vezes, há livros muito bons que não vendem e livros péssimos que viram best-seller", disse, antes de acrescentar, falando de sua própria carreira. "Mas não se pode ser best-seller há 30 anos e ser ruim", disse.
Isabel Allende está lançando "A Ilha Sob o Mar", seu primeiro livro em três anos. Nesta quinta-feira, às 17h15, ela falará sobre a sua obra na Tenda dos Autores. Os ingressos para o evento foram os primeiros a esgotar. Desde "Casa dos Espíritos", em 1982, já vendeu mais de 58 milhões de livros em 30 idiomas.
Um sinal evidente, na sua visão, do preconceito que sofre ocorre neste momento."Fui indicada ao Prêmio Nacional de Literatura do Chile por um grupo de mulheres", conta. Nos seus 70 anos de existência, o prêmio só foi dado a três mulheres. "Minha indicação causou uma certa polêmica. Porque o povo acha que eu mereço ganhar, mas um grupo pequeno de críticos acha que não".
Isabel abandonou o Chile em 1973, depois do golpe militar que derrubou o governo Allende, seu parente distante. Radicada nos Estados Unidos, a escritora acompanha com muita atenção a realidade chilena.
Na sua visão, Michelle Bachelet, última presidente do país, é um ótimo exemplo de como as mulheres têm aptidão para a política. "As mulheres têm mais sentido coletivo e são menos ambiciosas, o que combina com a administração pública".
Questionada se as mulheres na política seriam menos corruptas que os homens, disse: "Posso dizer que Bachelet não é corrupta, mas a senhora na Argentina não sei", observou, referindo-se a Cristina Kirchner.
"A palavra feminista está desprestigiada", observou. "Ninguém quer ser feminista porque não é sexy. Mas as causas do feminismo continuam atuais".
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