Eles também cresceram

Como a evolução da tecnologia ajudou a contar uma história melhor em Toy Story 4

Mariane Morisawa Colaboração para o UOL, em Emeryville (EUA) Divulgação

Sempre se espera muito de qualquer filme da Pixar. No caso de uma produção da franquia Toy Story, ainda mais. O primeiro Toy Story, de 1995, marcou a estreia do estúdio em longas-metragens e mudou a história do cinema, tornando a computação gráfica a técnica predominante na animação.

Woody, Buzz e companhia estão na ativa há 24 anos. Nesse período, muita coisa mudou - nos filmes e no estúdio. Os brinquedos viram Andy se tornar um adulto e encontraram um novo lar com Bonnie. E a Pixar deixou de ser um pequeno estúdio independente para se tornar uma gigante do entretenimento sob os domínios da Disney.

A parte mais visível dessa mudança, entretanto, pode ser vista a partir de hoje nos cinemas brasileiros, com a estreia de Toy Story 4. O avanço tecnológico das últimas duas décadas e meia é colocado a favor da história, mantendo intocada a essência da franquia: os laços de amizade entre os personagens seguem tão fortes quanto aqueles que fizeram do filme original ser querido por mais de uma geração.

O que mudou

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A diferença na tecnologia é gritante. Na iluminação de uma cena no posto de gasolina do filme de 1995, por exemplo, foram usadas seis ou sete fontes de luz. Hoje, seriam de 200 a 300.

Por causa das limitações técnicas, por exemplo, a boca dos ETs em Toy Story só era capaz de ter um formato. Pequenas melhorias foram implementadas em Toy Story 2, que veio quatro anos mais tarde. Mas no caso de Toy Story 3, que saiu 11 anos depois do segundo filme, deu para usar novas técnicas de pelos, os humanos ficaram mais críveis, e iluminação, profundidade de campo e efeitos especiais evoluíram muito.

Em Toy Story 4, a sofisticação é tanta que foram adicionadas partículas de poeira, a iluminação segue as leis da física e é possível fazer cenários cheios de elementos diferentes, como a loja de antiguidades. Os humanos estão ainda mais realistas.

Uma das cenas que exemplifica bem isso é a que abre Toy Story 4, na chuva. No filme original, o diretor John Lasseter queria muita chuva na cena em que Woody e Buzz estão presos no quarto de Sid. "Mas isso era muito difícil em 1995! Tivemos de ser inteligentes sobre o que podíamos ou não fazer", disse Bill Reeves, supervisor global de tecnologia e presente na fundação do estúdio, ao UOL, na sede da Pixar, em Emeryville, perto de São Francisco.

A solução na época foi mostrar pingos de chuva na janela. Em Toy Story 4, um carrinho está preso na enxurrada, e Woody e Betty lideram o time para resgatá-lo. "É incrível o que conseguimos fazer", disse Bob Pauley, designer de produção. Os brinquedos interagem com a chuva diretamente, não ficam vendo pela janela.

O detalhamento chega a tanto que passa por grades de ferro que têm as soldas pintadas a mão para parecerem mais realistas, ou uma falha no piso de borracha que reveste o playground. São detalhes tão pequenos que só podem ser vistos com o uso de um zoom bem potente. "Mas os fãs veem mais de uma vez, e eu acho que vão reparar", disse Alex Marino, responsável pelas texturas nos personagens.

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E o que não mudou

Os personagens mais importantes, porém, precisam ser fiéis ao que os fãs lembram e amam. "O nosso maior desafio conforme a tecnologia evolui é que poderíamos ser super realistas, mas não queremos, porque desejamos que o novo filme esteja na mesma família dos outros", explicou Josh Cooley, diretor de Toy Story 4. "Então nós melhoramos o Woody, as texturas e tal, mas ele ainda é o mesmo Woody de sempre."

Woody e Buzz sofrem mudanças sutis, que passam pelas expressões que são capazes de fazer e pequenas alterações no tecido das roupas ou na superfície do rosto.

"Colocamos esses micro arranhões, para mostrar que são brinquedos antigos. Ou o tecido da roupa um pouco esgarçado, os adesivos do Buzz um pouco descolados", explicou Marino. Tudo para encontrar um equilíbrio para que não destoem dos sofisticados espaços onde agora circulam.

Foi muita pressão. Porque Toy Story é importante para a Pixar, é a fundação do estúdio. Levamos muito a sério, e tenho orgulho do resultado.

Josh Cooley, diretor de Toy Story 4

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Do cafezinho à produção

Jonas Rivera era um jovem assistente no filme original, responsável por tarefas como buscar café. Hoje ele é o produtor de Toy Story 4, e precisa viver com a pressão de um público muito exigente."Eles falam: É o filme da minha vida! Não estrague!". O diretor Josh Cooley era um adolescente quando assistiu ao Toy Story original. E foi por isso que decidiu se tornar animador.

"A Pixar era muito menor, fazíamos um filme por vez - agora são três ou quatro", conta o supervisor Bill Reeves. "Agora a gama de idades também é muito maior. Quando começamos, éramos todos mais ou menos da mesma idade. Hoje também é muito mais uma corporação. Antes, éramos um pequeno estúdio independente."

Toy Story 4 pode ser o último da série - mesmo que o mantra na companhia seja "nunca diga nunca", como repete Rivera. Mas, se não for, é difícil imaginar quanto esses brinquedos terão evoluído no próximo longa.

Tem gente na equipe cujo primeiro filme visto na vida foi Toy Story. Então há muito amor envolvido.

Jonas Rivera , produtor de Toy Story 4

A cronologia de Toy Story

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Toy Story

Em nosso primeiro contato com o universo de brinquedos falantes, o caubói Woody era o brinquedo favorito do menino Andy, até a chegada do astronauta Buzz Lightyear. Enquanto ele trama um plano para voltar a ser o queridinho, o caubói acaba prejudicando o novato e ? ao botar em ação o plano para resgatá-lo ? descobre um grande amigo.

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Toy Story 2

Quatro anos depois do primeiro filme, os papéis se invertem e é Buzz Lightyear que precisa resgatar o amigo Woody, sequestrado por um colecionador. Na sequência de Toy Story, o caubói descobre seu passado como um famoso personagem da TV enquanto os outros brinquedos liderados por Buzz tentam levá-lo de volta para casa.

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Toy Story 3

O intervalo de 11 anos entre um filme e outro é sentido também na trama. Agora vemos o menino Andy com 17 anos e prestes a sair de casa para ir para a faculdade. Ele precisa decidir o destino dos seus brinquedos que já estão há muito tempo no baú e Woody se vê mais uma vez na função de resgatar aqueles que vão parar nas mãos de outras crianças.

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Toy Story 4

Mais um longo intervalo entre um filme e outro. Dessa vez, os brinquedos favoritos de Andy já estão com sua nova criança, a pequena Bonnie, que ao enfrentar seu 1º dia de escola traz para casa um novo personagem, o divertido Garfinho. A partir dele, começa a aventura em que Woody revê Betty, a boneca que tinha ficado esquecida desde Toy Story 2.

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