Topo

Obras-primas de museu holandês podem ser saques de nazistas, diz estudo

29/10/2013 13h38Atualizada em 29/10/2013 18h03

Uma comissão que investiga os saques de propriedades de holandeses durante o período nazista afirmou nesta terça-feira (29) ter identificado como produto de saque mais de 100 obras de arte, incluindo dois retratos do século 17 e oito outras pinturas pertencentes ao famoso Rijksmuseum, de Amsterdã.

De um total de 139 peças, 61 puderam ser ligadas a seus proprietários originais, na maioria judeus, disse o chefe da comissão que realizou o levantamento, Rudi Ekkart.

Entre as obras sob suspeita estão 69 pinturas, 24 desenhos, 31 objetos decorativos, 13 objetos rituais judeus e duas esculturas, incluindo um Matisse e dois Kandinsky.

A conclusão é o resultado de uma investigação de quatro anos, feita por um consórcio de museus holandeses, sobre as origens de obras de arte em museus do país que poderiam ter sido roubadas de proprietários judeus na Holanda entre 1933 e 1945.

Ekkart não quis fazer comentários sobre o valor das obras identificadas, dizendo que essa não era a finalidade da pesquisa, mas afirmou que elas claramente incluem peças de arte de "algum valor".

"Há objetos que têm uma certa fama, portanto, você pode imaginar que eles receberiam um alto valor se fossem colocados no mercado", disse o diretor da Associação de Museus da Holanda, Siebe Weide, quando indagado sobre quanto os itens poderiam valer.

As oito pinturas no Rijksmuseum, museu que abriga uma das maiores coleções de arte da Europa, incluem o "Retrato de Guilherme II, príncipe de Orange, quando criança", uma pintura de Adriaen Hanneman, de 1654, e o "Retrato de Lorde Dubbeldam", de Govert van Slingelandt, datada de 1657.

Lacunas no histórico de propriedade das obras levantaram suspeitas de que pudessem ter sido saqueadas durante a Segunda Guerra Mundial, ou que seus donos originais, muitos deles judeus, tenham sido forçados a vendê-las, disse a associação.

JUSTIÇA

"A Holanda vem sentindo nos últimos anos uma crescente urgência de ter clareza sobre as origens das coleções públicas de arte, de fazer justiça às vítimas da Segunda Guerra Mundial", declarou a ministra da Cultura, Jet Bussemaker, um comunicado.

Herdeiros dos proprietários originais podem encaminhar uma requisição para um comitê de restituição, que é subordinado ao Ministério da Cultura, mas atua de modo independente e pode fazer recomendações sobre o destino de peças disputadas.

Isso pode incluir a devolução das pinturas aos donos originais ou descendentes, ou o pagamento de compensação.

Até o momento, cerca de 12 obras foram devolvidas, segundo o diretor do Comitê de Restituição, Willibrord Davids.

Cerca de 20 por cento das obras de arte na Europa foram pilhadas pelos nazistas, de acordo com um estudo feito pelo Arquivo Nacional dos Estados Unidos em 1997.