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Indústria pornô volta sem orgias e com cautela em posições, diz revista

A atriz pornô Casey Calvert diz que sente a pressão para voltar ao trabalho mesmo com aumento de casos de covid-19 nos EUA - Reprodução
A atriz pornô Casey Calvert diz que sente a pressão para voltar ao trabalho mesmo com aumento de casos de covid-19 nos EUA Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/07/2020 19h49

A indústria pornográfica dos Estados Unidos está voltando a funcionar aos poucos mesmo com casos crescentes de coronavírus, principalmente na Califórnia. Mas isso não significa que tudo será como antes.

A Rolling Stone publicou uma reportagem sobre o tema com entrevistas de diferentes personalidades do setor, inclusive do advogado do grupo Free Speech Coalition (FSC), que defende os direitos dos profissionais do setor e cuja recomendação é que atores e atrizes não trabalhem ainda para preservar a própria segurança.

"Sabíamos que havia muitas produtoras independentes enfrentando sérias escolhas sobre se sobreviveriam financeiramente", disse Mike Stabile. Em junho, o condado de Los Angeles começou a permitir que estúdios voltassem a gravar.

A FSC lançou uma lista de diretrizes e protocolos recomendados para artistas e membros da equipe, incluindo o uso de máscaras no set.

Por outro lado, os artistas não são obrigados a usar máscaras na frente das câmeras, tanto por razões comerciais quanto por não ser tão úteis na hora do sexo.

"Você já está todo suado e em contato próximo com alguém", lembra Stabile.

Atores e atrizes, além de integrantes da equipe, farão testes gratuitos de coronavírus 24 horas antes de cada filmagem. Diferentemente dos testes de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), que são pagas pelo próprio elenco, os exames da covid serão responsabilidade dos estúdios.

Uma das principais diretrizes da indústria é que o número de pessoas no set será limitado a alguns artistas e membros da equipe. Isso significa que, para muitas empresas, a orgia está fora de questão.

"Continuaremos apoiando cenas básicas de sexo entre dois parceiros", disse para o site Ryan Cash, diretor de produção da Brazzers, que interrompeu completamente as filmagens e não tem planos para voltar.

Situação semelhante é a do serviço de streaming adulto AdultTime. A empresa ainda está recomendando temporariamente adiar cenas com: "quarteto, sexo em grupo e qualquer coisa de swingers que tenha muita gente no set".

Cuidado com o beijo (e fluídos corporais)

Pornô na internet - RapidEye/Getty Images - RapidEye/Getty Images
Pornô na internet
Imagem: RapidEye/Getty Images

Pelo medo de contaminação, certos atos sexuais também estarão fora de questão para muitas produtoras, particularmente aqueles que envolvem a troca de fluidos corporais abundantes, como cuspir, urinar e o 'squirting' — a ejaculação feminina.

Outro risco é o do beijo, porém o ato não foi proibido no retorno da indústria pornográfica: "Se você está beijando, esse é o principal modo de transmissão. Essas foram as coisas que recomendamos: eliminar o beijo e posições [sexuais] que reduzem o contato frente a frente", afirmou Stabile.

Uma maneira encontrada por atores e atrizes pornôs sobreviverem na pandemia foi em plataformas específicas para ganhar dinheiro em lives e vídeos feitos em casa e que são disponibilizadas diretamente para assinantes, como a OnlyFans. Os principais artistas da indústria chegam a ganhar mais de US$ 100 mil por mês.

Mas muitos profissionais ainda sentem medo do desemprego, aponta a Rolling Stone. Depois de três ou quatro meses parados, há também a possibilidade de os produtores oferecerem um ambiente que pressiona artistas e membros da equipe a se arriscarem apenas para que recebam um salário.

Casey Calvert, uma das principais atrizes do setor, disse que sente essa pressão. "Sinto que, se não trabalho, mais alguém o fará."