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Kerry Washington comenta racismo na arte: 'Estamos focados na branquitude'

Em entrevista, a atriz Kerry Washington comentou o movimento anti-racista atual  - Divulgação/Porter
Em entrevista, a atriz Kerry Washington comentou o movimento anti-racista atual Imagem: Divulgação/Porter

Do UOL, em São Paulo

24/06/2020 17h10

A atriz Kerry Washington comentou ontem sua visão sobre o movimento antirracista nos Estados Unidos. Em entrevista ao podcast "Hollywood, The Sequel", ela falou sobre a falta de pessoas negras nas produções artísticas do país e como a mentalidade ainda está centrada na "branquitude".

"Ainda estamos centrados na branquitude como a coisa mais importante e tentando encaixar a diversidade ao redor disso", opinou.

"Ou quando falamos de inclusão, ainda há uma entrada e uma saída. Então, ainda estamos centrados em certos tipos de pessoas e talvez, em pequenas frações, permitindo que outras pessoas participem. Há muita coisa que precisa ser reexaminada. A resposta simples é: espero que surja muita coisa boa e que possamos nos ver e ter coragem de abrir espaço um para o outro."

A pauta sobre o antirracismo em Hollywood é antiga, a exemplo dos protestos em 2016 por conta do "Oscar Tão Branco", mas tem ganhado força após a onda de atos após as mortes de George Floyd, Breonna Taylor e Ahmaud Arbery, pessoas negras assassinadas nos Estados Unidos.

Momento de revelação?

Sobre o momento atual, Kerry conta que esse não é um momento de revelação, de novidade, para ela, mas que se alegra com a discussão ganhando força e diz sentir que há algo diferente dessa vez.

"Este não é um momento de revelação, mas estou assistindo à revelação ao meu redor pelas pessoas, e sou grata pelo mundo estar se mobilizando pelas vidas negras de uma maneira diferente. Talvez trauma e falta de segurança - essa tem sido a realidade dos negros americanos desde que existem negros americanos."

Kerry ainda comenta a importância de não apenas ser contra o racismo, mas ser antirracista, tendo consciência de que o sistema e a sociedade foram construídos com pilares racistas.

"Acho que as pessoas estão percebendo que não basta não ser racista, isso porque nossa instituição foi construída no tecido do racismo, porque nosso país foi fundado tendo como base a ideia de que afrodescendentes são apenas uma fração de um ser humano. Não basta não ser racista, temos que ser ativamente antirracistas. E que esse desejo venha de um entendimento profundo de que todos merecemos todos os direitos da humanidade."

"Acho que as pessoas estão finalmente entendendo isso e nossas instituições precisam entender isso. É importante ter essas conversas em nossas mesas de jantar, em nossas salas de aula e em nossos mais altos sistemas de governo."

Por fim, a atriz refletiu sobre as estruturas que buscam promover a segurança pública e disse esperar que os debates atuais gerem mudanças reais no sistema.

"Temos que nos perguntar quem julgamos o público e quem julgamos o inimigo. Espero que toda essa nova reflexão reveladora se prenda à transformação não apenas de corações e mentes, mas também práticas institucionais."