Influenciadores na pandemia: 'Excesso de viagens e luxo não funcionam mais'
Resumo da notícia
- UOL Debate reuniu influenciadoras e empresários para debater o novo cenário da pandemia
- Momento é de autoconhecimento e de produzir conteúdo com relevância, afirmaram os convidados
- Os influenciadores e as marcas precisam ter responsabilidade na hora de lançar campanhas e de fazer publicidade
- Também foi falado sobre o caso de Gabriela Pugliesi, que teve contratos desfeitos e saiu do Instagram após dar uma festa durante a quarentena
Como produzir conteúdo com relevância e responsabilidade? O que ainda faz sentido e o que já não funciona? A pandemia do novo coronavírus e a quarentena geraram novos desafios para os influenciadores digitais e as marcas que trabalham com eles. Esse novo olhar para a produção digital foi discutido no UOL Debate de hoje.
As influenciadoras, Alexandra , Gurgel (@alexandrismos), Carla Lemos (@modices) e Niina Secrets (@niinasecrets) conversaram com Camila Zana, diretora artística da Music2! Mynd, e com Rafael Coca, codiretor da Spark, e discutiram o papel dos produtores de conteúdo nesta nova realidade.
"A pandemia veio separar o joio do trigo. Influenciar é consequência, o foco é criar conteúdo. Quem se sobressai é quem tem lastro para criar conteúdo. Esta situação da pandemia acelerou a digitalização das empresas e das pessoas. Os influenciadores têm que pensar em qual é o seu propósito", declarou Coca. Ele ainda afirmou:
Esses excessos de viagens e dia a dia luxuoso não servem mais. Ele precisa se entender como comunicador, precisa de responsabilidade e curadoria.
Camila Zana destacou a importância de ter responsabilidade sobre o conteúdo produzido. "Tem que pensar no que pode falar. Antes, falava sem pensar nas consequências e não temos como seguir dessa forma".
A influenciadora de beleze Niina Secrets contou que teve contratos cancelados porque as marcas "estavam tentando entender o cenário". "Quem leva esse trabalho a sério sempre teve essa preocupação de não fazer um publi por um publi. Não é o momento de divulgar um produto goela abaixo para os seguidores neste momento."
Entre os diversos assuntos da conversa, foi falado de hábitos que se transformaram durante a quarentena, comportamentos que ficaram para trás e desafios para a produção de conteúdo relevante para este período e o futuro.
Momento de autoconhecimento
Alexandra Gurgel, fundadora do movimento Corpo Livre, que combate a gordofobia, contou que viu seu público crescer durante a quarentena. Desde o início do ano, seu número de seguidores no Instagram dobrou.
Sempre falei sobre corpo e saúde mental. Sinto que as pessoas começaram a procurar mais por essa temática. Estou em casa, mas preciso fazer depilação e tratamentos estéticos? As pessoas estão mais sedentas por esse conteúdo. Elas estão lidando com elas mesmas na quarentena, é um momento de autoconhecimento.
Ela ainda destacou que a forma de consumo está se transformando e que há influenciadores grandes perdendo seguidores e alcance neste momento. "As pessoas estão percebendo que eu posso ter esse corpo, comer o que como e me amar. Não preciso ficar 24 horas na academia. A gente se exercita por amar nosso corpo e não por odiá-lo", completou.
Carla Lemos, influencer de moda, concordou que os valores estão sendo reavaliados. "As pessoas [ficam] mais em casa e estão repensando sua relação com as roupas. Agora que não temos mais tendência nem passarelas, a galera está voltando a olhar para si, para o que funciona em seu corpo. Isso é positivo. É o momento de refletir sobre o que usamos, de experimentar mais, de se permitir ser mais alegre."
Falando sobre maquiagem, Niina Secrets defendeu que seu conteúdo ainda é relevante para o público, mesmo diante da pandemia. "É um assunto considerado como futilidade por muitas pessoas. Mas quis deixar claro que sabia o que estava acontecendo no mundo, mas que ia continuar falando sobre isso, porque meus seguidores gostam. Todo o mundo está aprendendo a se enxergar com mais carinho, mais cuidado. A mensagem da beleza hoje é mais sobre se amar", opinou.
Caso Pugliesi
A festa que a influencer Gabriela Pugliesi deu durante a quarentena gerou controvérsia nas redes sociais e resultou em grandes prejuízos para ela, como o cancelamento de parcerias comerciais e contratos. A influencer acabou até suspendendo sua conta no Instagram.
"Se ela deu um deslize, vai ter que arcar com a responsabilidade. Não tem como concordar com uma pessoa que dá um exemplo ruim e inconsequente", opinou Camila Zana. "Esse prejuízo é natural. Grande parte da renda de influenciadores e celebridades vem da publicidade. Se você não tem noção do quanto sua fala pode interferir na vida das pessoas, você não deveria se considerar um influenciador. E esse prejuízo vai durar", decretou.
Coca completou:
É neste momento de dor que vem o choque de realidade da responsabilidade que ele tem das suas falas e atos. Acho que faltou responsabilidade para a Gabriela. Não vale só para ela, outros fizeram até pior. Mas acabou se tornando um caso icônico.
Alexandra criticou o comportamento da musa fitness nas redes. "Pugliesi abriu as portas para um comportamento nas redes sociais não só de quebrar quarentena, mas de induzir um emagrecimento milagroso, um curso que vai curar sua vida. Coisas absurdas que são propagadas e as pessoas levam numa boa. Agora, começaram a abrir os olhos para isso."
Novas experiências
Mesmo diante das dificuldades, os participantes do debate afirmaram que o momento também serviu como oportunidade de reinvenção para os influenciadoras digitais.
"A gente tem essa responsabilidade de provocar, deixar que as pessoas fiquem mais alertas. Acho importante trazer esse contexto para dentro do nosso próprio nicho. O governo da Finlândia contratou serviço de influenciadores para passar informações sobre a pandemia. O principal tem sido esse direcionamento do conteúdo, como trazer novas perspectivas e abordagens sobre essa questão", pontuou Carla.
Alexandra contou que está aproveitando para curtir mais a vida 'off-line'. "Grito se tem adolescente passando na rua, pareço uma velha. Mando ficar em casa. Converso com meus vizinhos de máscara, acabei conhecendo a rua. Uma coisa que eu não fazia era ter uma vida off-line com as pessoas próximas. Nossa única sociedade agora é a internet. Uma coisa que me faz muito bem é desligar o celular. A gente precisa desacelerar e mostrar que, às vezes, não estamos bem", admitiu.
Niina Secrets concluiu:
Está todo o mundo se sentindo estranho e esquisito. Precisamos passar responsabilidade através dos nossos atos. Essa é a grande diferença dos influenciadores para as celebridades. Nós somos pessoas comuns, mostramos nosso dia a dia, com erros e acertos. Não temos uma vida perfeita.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.