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iPads no elevador e lâmpadas de R$ 50 mil: Os segredos de 'The Good Doctor'

Freddie Highmore em cena de "The Good Doctor" - Divulgação
Freddie Highmore em cena de 'The Good Doctor' Imagem: Divulgação

Guilherme Machado

Do UOL, em Vancouver (Canadá)*

20/04/2020 04h00

Não é incomum ver os médicos de "The Good Doctor" em torno de uma mesa de operação, enquanto abrem uma pessoa durante um procedimento delicado. Afinal, trata-se de uma série médica. Mas, por mais que o sangue e outros detalhes da cirurgia sejam de mentirinha, boa parte dos equipamentos que compõem o cenário são reais. Tanto que cada uma das lâmpadas usadas para iluminar os "pacientes" custa cerca de US$ 10 mil, equivalente a mais de R$ 50 mil.

O UOL descobriu esse e outros detalhes do set de uma das séries mais famosas da atualidade ao visitar, em janeiro, os estúdios onde "The Good Doctor" é filmada, em Vancouver, no Canadá. Hoje, o Sony Channel, que transmite a série no Brasil, estreia por aqui, às 21h, a segunda temporada da trama adaptada por David Shore ("House") e estrelada por Freddie Highmore ("Bates Motel"). A produção também é exibida no país pelo Globoplay e pelo GNT.

Outro detalhe que chama a atenção dentro do centro cirúrgico fictício é como o local é bem espaçado, maior do que seria uma sala verdadeira. Isso permite que o elenco se locomova melhor, e também ajuda nas gravações: as cenas de operação são gravadas com câmeras suspensas por um guindaste, que fica escondido atrás de uma parede retrátil.

'Easter Eggs'

Existem ainda outras pegadinhas no cenário. Uma parede com os nomes dos supostos doadores da instituição na verdade cita pessoas relacionadas à produção da série. Uma é filha de um gerente de produção, outro é um dos responsáveis por efeitos visuais, e a lista segue.

Nem tudo é o que parece

Se por um lado existe muito realismo em alguns cantos do hospital fictício, outros usam uma boa dose de truques para fazer com que o público acredite que o San Jose St. Bonaventure existe mesmo. Uma rápida batida em uma das enormes máquinas de ressonância magnética, por exemplo, já evidenciam que elas são feitas de plástico e não funcionam.

Os corredores também enganam. Quem assiste pode até pensar que são vários, representando as muitas alas de um hospital, mas na maioria das vezes eles usam a mesma estrutura, que tem suas cores e detalhes alterados pela equipe para parecer que se trata de andares diferentes.

'Era uma casa muito engraçada...'

Os quartos onde os pacientes do drama ficam internados também muitas vezes são os mesmos, mas por conta de paredes móveis e outros detalhes cênicos, como adição de sofás, a equipe consegue criar a ilusão de que se trata de recintos distintos. Outro detalhe: a maioria deles não tem banheiro, caso se abra a porta, se depara com um espaço vazio.

Os elevadores do hospital também enganam bem: suas portas abrem e fecham, mas só. E os visores que mostram o andar em que eles estão? São iPad camuflados, que estão lá apenas para mostrar números.

Os belos cenários da cidade californiana de San Jose mostrados ao fundo das janelas também são resultado da magia da TV. Trata-se de recursos chamados "translights", fotos de espaços urbanos que são feitas pela produção e iluminadas artificialmente para parecerem uma cidade real. Dependendo do local que se busca retratar dentro do hospital, a mesma foto é colocada em outro ângulo, para mudar o efeito.

No primeiro dia em que entrei no set, eu comecei a chorar, Não porque estava celebrando, mas porque achei uma cópia exata dos hospitais em que estivemos

O emocionado em questão é o ator Will Yun Lee, que vive o doutor Alex Park. Em "The Good Doctor", Yun Lee é um ex-policial. Na vida real, o ator teve que lidar com hospitais, uma vez que o filho Cash, de seis anos, tem uma doença rara chamada Doença de Moyamoya, que atinge e bloqueia vasos sanguíneos do cérebro. Com isso, o menino teve vários derrames e o ator e a mulher, a também atriz Jennifer Birmingham, passaram meses em UTIs de hospitais.

*O jornalista viajou a convite da Sony Pictures.