Daniel Craig sobre seu tempo como 007: 'Elevei o nível para os outros'
Depois de 14 anos, cinco filmes, bilhões de dólares e muitas fraturas e machucados, Daniel Craig não está a fim de ser modesto sobre seu tempo como James Bond. Em entrevista à GQ, o ator britânico cravou: "Eu elevei o nível para os outros. Eu elevei a porra do nível".
A declaração não vem naturalmente para o ator, no entanto. Na entrevista, é o repórter quem tece elogios: Craig trouxe um "senso de mortalidade, um sentimento de perda" para Bond, que o tornou mais humano do que nunca. "Você pode dizer isso, mas eu...", hesitou ele, antes de admitir seu "triunfo".
Para Craig, transformar o papel de 007 para o século 21 foi uma questão de voltar às origens. "Nos livros, Bond é sombrio para caralho. Ele é um perdido, um cara muito caótico. Porque é claro que ele é, com este emprego que ele tem", refletiu.
Outro segredo é não fugir de paralelos como mundo real. "Eu acho que Bond representa alguém que está lá, tentando fazer o seu trabalho, sem pedir por nenhuma publicidade. Essas pessoas existem... Elas dirigem ambulâncias, por exemplo", comentou.
O seu 007 é um personagem político, então? "Nós lutamos para manter [Donald] Trump longe deste filme, mas é claro que ele está lá. Seja Trump, ou o Brexit, ou influência russa em eleições", disse Craig.
Dúvidas iniciais
Em 2005, quando foi inicialmente procurado pelos produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson para substituir Pierce Brosnan como Bond, Craig tinha certeza que era o homem errado para o trabalho.
"Eu fui à reunião pensando: 'Isso é o que eles fazem, trazem todo mundo para um teste. Estão só experimentando'. Além disso, eu não conseguia acreditar que Pierce ia deixar Bond", contou.
Craig sabia que não se adequava ao que era esperado do papel. "Eu lembro de dizer para eles [os produtores]: 'Eu não sei imitar o Sean Conney. Não sei ser o Pierce'. Não podia ser o cara tranquilo que diz: 'Ora, ora'", brincou.
Os fãs de Bond, inicialmente, pareceram concordar. Após a escalação de Craig, dezenas de sites criados por admiradores da franquia ameaçavam um boicote a "007 - Cassino Royale" — indignação que só durou até a estreia do filme, quando o "novo Bond" encontrou seu público.
Craig se emocionou ao lembrar da recepção de seu primeiro 007: "Desculpe-me. Naquele momento, toda a pressão foi embora. Toda aquela coisa de: 'Ele é errado para esse papel'. Eu pensava: 'Eu sei que sou. Eu sei porque não gosto de mim como Bond, então sei porque eles não gostam também'".
Um adeus agridoce
"007 - Sem Tempo Para Morrer", que recentemente teve estreia adiada de abril para novembro por preocupações com o coronavírus, será a última aventura de Craig na franquia, e ele está satisfeito com a despedida.
"Eu estou bem. Eu não acho que estaria bem se o último filme ['007 Contra Spectre', de 2015] tivesse sido minha despedida. Mas, com esse, estou. Vamos nessa. Vamos acabar com isso", comentou ele.
Na jornada de seu Bond, o ator procurou refletir a busca por algo universal: amor. "As maiores ideias são as melhores. Amor, tragédia, perda. Esses são os temas que eu sempre quero tratar. Eu acho que, com este último filme, trouxemos Bond a um momento em que ele descobre o seu amor, descobre que pode se apaixonar e não há nada errado com isso", disse.
Sempre muito envolvido no processo criativo dos filmes da franquia, Craig foi ainda mais assertivo com sua despedida. "É meu último filme. Eu fiquei calado algumas vezes durante este tempo como 007, e me arrependi de ter ficado. Eu sempre sou direto em reuniões, e talvez um pouco rude. Mas sempre peço desculpas", admitiu.
Ele também ficou feliz de deixar Bond para trás em um momento tão realizado da vida pessoal, pouco depois do nascimento da sua filha com a mulher, Rachel Weisz. "Eu acho que isso trouxe uma perspectiva. Eu disse: 'Sabe, foda-se, há coisas mais importantes no mundo'", brincou.
Craig também não está preocupado com o andar da carreira após 007. Neste momento, a falsa modéstia também é deixada de lado: "Eu tenho certeza que posso interpretar qualquer coisa. Ou, pelo menos, ganhar um bom dinheiro interpretando qualquer coisa".
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