'Doctor Who': 1ª atriz brasileira pediu ajuda a amigo para entender série

"Doctor Who", série da BBC, terá um pouco de verde e amarelo no episódio que entra nesta sexta-feira (6) no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da Globo, detentora dos direitos de exibição no Brasil. Gabriela Toloi, atriz de 24 anos, interpreta Jamila, uma vlogueira que é infectada pelo vírus alien Praxeus na 12ª temporada da produção britânica.

Para se transformar em alien, Gabriela demorou quatro horas com a equipe de caracterização, que elaborou uma prótese facial e maquiagem específica para a cena. Ela confessa que se assustou ao se ver desfigurada antes de o episódio ir ao ar.

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"Vi sem o tratamento dos efeitos especiais, só com a maquiagem, mas sem o olho branco nem a explosão, estava bem cru. Lembro que quando saí de lá liguei para os meus pais e falei: 'Está muito assustador! Está muito legal!'. Depois li críticas que colocaram o episódio entre os mais 'de terror' da série. A prótese ficou muito realista. Foi um processo de quatro horas para instalarem no meu rosto. É um processo incrível", explica a atriz em entrevista ao UOL.

Com trabalhos como "Psi" (HBO) no currículo, Gabriela experimentou pela primeira vez o carinho de uma legião de fãs, como tem "Doctor Who". A notícia de que a produção quase sessentona (estreou em 1963) teria uma atriz brasileira no elenco animou o fã-clube daqui, que já quer conhecer pessoalmente a representante nacional da série.

A saudade de Gabriela tem explicação. Ela saiu cedo do país para estudar em Nova York e Los Angeles, nos Estados Unidos, e em Londres se formou no curso de pós-graduação de atuação profissional. A atriz sentiu dificuldade morando fora do Brasil.

"Não vou enganar e dizer que foi fácil porque não foi. Vim completamente sozinha, não tinha família nem amigos, não conhecia ninguém. Foi um ato de muita coragem. Não é estereótipo quando se diz que os britânicos são mais frios e metódicos. Eles são. Eu falo muito alto, gosto de conversar, e às vezes isso ficava um pouco invasivo. No começo, bateu aquela tristeza, aquela dúvida, mas depois de alguns meses, quando me mudei para cá, não me envolvi muito com a comunidade brasileira e fiquei mais com os nativos para me acostumar com eles", conta Toloi.

"Socorro" de amigo

Embora more na terra natal de "Doctor Who", Gabriela ganhou o papel durante suas férias no Brasil —ela recebeu o telefonema sobre a aprovação enquanto passeava em um shopping em São Paulo. Ela contou com a ajuda dos pais para interpretar o texto enviado pela produção e foi "socorrida" por um amigo fã da série, pois nunca havia assistido.

"Precisei dar um bom Google, e não foi só Google. Um dos meus colegas de quarto de Londres é supergeek, sabe tudo de séries. Eu estava no Brasil, liguei para ele e falei: 'Alex, pelo amor de Deus, me ajuda!'. Ele fez uma lista de dez episódios que eu tinha que ver e me ajudou a me preparar para o teste. No meu caso, não houve entrevista nem teste presencial, mas boa parte do procedimento do ator é fazer pesquisa, não quero ir despreparada. É bom pelo menos saber quem é 'doutor', o que é 'companion', o que quer dizer 'TARDIS'."

Durante as gravações, realizadas na África do Sul, Gabriela ficou amiga da atriz portuguesa Joana Borja, com quem contracena no episódio, e conheceu o elenco veterano. Ela recorda o dia em que "fez a íntima" com a protagonista de "Doctor Who", Jodie Whittaker, a primeira "doctor" mulher da série.

"Com os veteranos, tinha mais interação no trailer de maquiagem, e eles são muito legais. Bati um papo muito legal com a Jodie uma vez, passamos quase uma hora e meia juntas. Ela falou do Brasil e da filhinha dela vestida de doctor. Almoçávamos juntos no set. Era uma equipe acessível e de uma boa conversa", elogia.

Prestes a voltar ao Brasil para rever a família e conhecer os novos fãs, Gabriela Toloi não descarta atuar no país em uma novela ou série, dependendo da oportunidade.

"Estou formando uma companhia teatral aqui em Londres com amigos artistas e temos vontade de colocar uma peça já para o primeiro semestre. Acho que a linguagem gravada me atrai mais do que palco, apesar de amar teatro. Comecei em teatro musical, adoro cantar. Tem que ser um projeto em que acredito e do qual gosto. Adoro mistérios como em 'Doctor Who'. Adoraria trabalhar no Brasil e levar um pouco do que aprendi aqui para casa", projeta.