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Petra relembra papo com DiCaprio sobre Bolsonaro: 'Temos algo em comum'

Petra Costa (à esquerda) com Leo DiCaprio - Reprodução/Instagram
Petra Costa (à esquerda) com Leo DiCaprio Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

04/03/2020 11h46

A diretora de "Democracia em Vertigem", Petra Costa, contou um pouco dos bastidores de sua participação no Oscar. O longa narrando a trajetória do impeachment de Dilma Rousseff concorreu ao prêmio da categoria melhor documentário, o que proporcionou à brasileira a chance de estar ao lado de astros do cinema. Um deles, com quem interagiu, foi Leonardo DiCaprio, que rendeu um papo curioso.

Petra relembrou o encontro entre ela e DiCaprio, quando ambos comentaram estar sob ataque de Jair Bolsonaro (sem partido). Em 2019, o presidente do Brasil criticou o documentário da diretora e ligou DiCaprio a fake news dizendo que o ator colaborou com fundações que estariam provocando queimadas na Amazônia.

No podcast Anticast, apresentado por Ivan Mizanzuk, ela relatou o encontro. "Com o Leonardo DiCaprio, tive o prazer de ser apresentada pra ele pela Sônia [Guajajara, líder indígena] e ele falou: 'Nossa, já estou ajudando uma fundação a qual a Sonia é associada, então fico feliz de vê-la. Mas eu fui atacado pelo seu presidente'. E a Sônia falou: 'Eu também'. E eu: 'Eu também!'. Então, nós três tínhamos isso em comum", contou Petra.

DiCaprio afirmou já ter assistido a "Democracia em Vertigem: "Ele tinha visto o filme, falou que gostou muito do filme e que tinha achado super interessante. Ficamos de conversar mais. Eles [Leo e Sonia] têm feito algumas ações juntos".

Petra revelou outros momentos de bastidores, alguns mais como diretora, outras deixando transparecer seu lado fã.

"Conversei também com [Robert] De Niro, que ajudou em todos os meus filmes por meio da fundação dele, a Tribeca. Ele foi muito simpático. O Tarantino foi super legal. Contei um pouco do filme e ele prometeu que ia ver, foi muito simpático. E com o Brad Pitt falamos sobre o filme, ele falou muito de uma série que ele gosta muito, 'Bandidos na TV'", afirmou Petra, citando um programa da Netflix sobre a história do apresentador Wallace Souza.

Os momentos mais de tiete foram com De Niro e Al Pacino. "Robert DeNiro eu apresentei pra minha mãe, e ela cantou uma música para ele. E o Al Pacino eu não aguentei e falei: 'Você é o melhor da história. Você é o Deus e o Diabo do cinema'. Ele ficou todo tocado, chocado, não sei...", riu a diretora.

Democracia em Vertigem e o futuro

Também no Anticast, Petra falou dos bastidores e da montagem de seu documentário. Ela contou que as sobras de material poderiam render outros filmes.

"Daria muitos filmes", disse ela, que prefere partir para outros projetos no momento. "Vontade, agora, eu não tenho. Foram três anos de imersão completa e total. Estou adorando pensar em outros temas. Eu tive um cansaço dessa temática. Mas teria outros filmes a se fazer. Há discussões interessantes com congressistas, aprofundando sobre o que deixa a democracia brasileira tão disfuncional. Todos os partidos concordam que o Brasil precisa de uma reforma política. Que nosso sistema eleitoral é impossível. Seria interessante que alguém explorasse", avaliou.

Petra ainda não conta qual será seu próximo filme. "Estou trabalhando, mas ainda não prefiro falar muito. É um projeto que continuo na investigação, que é na intersecção entre pessoal e político, mas em breve poderei falar mais."

Por fim, falou sobre o momento político do país e usou a Argentina como comparação. "Estamos muito passivos, sempre fomos muito passivos enquanto nação. Espero que mude essa chave", disse Petra. "O Brasil é um país com muita amnésia. É triste. Eu fui para a Argentina recentemente e fiquei muito inspirada em como eles tratam da própria memória. Como fizeram questão no fim da ditadura de fazer um memorial para as vítimas e como fizeram que questão que se chamasse Memorial às vítimas de terrorismo de Estado."