Ator que quase foi sucessor de Zé do Caixão se tornou amigo do ídolo
Com um vasto catálogo de filmes ao longo de várias décadas, José Mojica Marins, morto aos 83 anos nesta quarta-feira (19), deixou um legado para o cinema de terror no Brasil, especialmente com seu personagem mais célebre, o Zé do Caixão. Mas, acredite se quiser, ele quase teve um sucessor.
O ator Rubens Mello foi o escolhido de um concurso no SBT, entre 1998 e 1999, para dar vida a macabra figura em um novo filme. Mojica queria dar continuidade a um longa dos anos 1960 e precisava de um ator mais jovem para interpretar seu papel, uma espécie de sucessor. Foi a chance de ouro de um de seus maiores fãs, o próprio Rubens.
"O Mojica morava perto da minha avó, eu o via desde quando era criança de colo e sentia medo. A partir dos cinco anos de idade, me tornei apaixonado por terror. Comecei a acompanhar, descobrir o cinema do Zé do Caixão", conta Rubens, em papo com o UOL. "No final dos anos 1990, amigos meus disseram que ele estava procurando um sucessor e eu não acreditei, não tinha como", relembra.
"Foi então que vi no jornal uma manchete dizendo que ele realmente estava procurando. Fui até o local para vê-lo, para dizer que era muito fã. Disse que não tinha ido pelo concurso, mas ele insistiu e incentivou para que eu participasse. As etapas foram passando até que eu ganhei", conta, emocionado.
Mesmo com a vitória, o projeto acabou não tendo continuidade, pelo menos na época. O longa, "Encarnação do Demônio", acabou saindo somente em 2008 e com o próprio Mojica no papel de Zé do Caixão. "Não dava para ser o Zé do Caixão, ele já tinha encarnado o personagem para a vida dele. Não tinha como ser eu", explica Rubens, que acabou ganhando um papel como um dos servos de Zé no filme.
"Depois disso, nos tornamos amigos. Eu frequentava a casa dele, ficava o tempo inteiro ao lado dele, de manhã até a noite, fazendo planos, sonhando. A gente chegou a fazer curtas juntos. A familia dele é como se fosse minha familia. A Liz (filha do cineasta) é uma irmã para mim, está sempre comigo nos momentos mais difíceis", revela Rubens, emocionado.
"O Mojica foi alguém além da sua época, quebrou barreiras; Foi discriminando aqui, fez sucesso lá fora e só depois cultuado no Brasil. O legado dele são as pessoas que continuam fazendo filmes de terror aqui", conclui.
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