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Clarice Falcão sobre cultura do cancelamento: "pessoa tem que poder errar"

Clarice Falcão e  Adriana Falcão - Reprodução/GNT
Clarice Falcão e Adriana Falcão Imagem: Reprodução/GNT

Do UOL, em São Paulo

04/02/2020 06h58

O Papo de Segunda Verão de ontem, no GNT, foi em clima familiar, já que as convidadas foram a cantora e atriz Clarice Falcão e sua mãe, a roteirista e escritora Adriana Falcão. Ambas falaram sobre a cultura do cancelamento, ato aplicado a figuras que fazem algo ofensivo, preconceituoso ou não aceito pela sociedade.

"Sou a favor do cancelamento depois de um aviso, do cancelamento em segunda instância, de enviar a primeira via em cartório…", opina Clarice sobre o assunto. "Mas quando a gente aponta o erro e vê que a pessoa não refletiu, ou nem considerou que tenha errado, dá uma certa preguiça de explicar várias vezes", continua.

O apresentador João Vicente dá exemplos que têm acontecido em redes sociais: "Em alguns casos a pessoa escreve algo no Twitter lá em 1994 e é julgado no tribunal da Internet como se fosse um monstro, sem nenhuma compreensão de contexto social, e dai vira essa loucura". Francisco Bosco, também apresentador do programa, enfatiza: "A pena do cancelamento não acaba nunca".

"A pessoa tem que poder errar. Eu já fiz tanta coisa errada na vida", defende a cantora de 30 anos de idade. "Eu achava que não podia ser piranha quando era mais nova. Dai você pensa: 'Eita, meu Deus, como eu era burra'. Ainda bem que alguém chegou para mim e disse: 'Pode sim [ser piranha], inclusive é muito bom. Experimente", conta.

Adriana também se mostrou adepta ao cancelamento com ressalvas: "Algumas pessoas devem ser canceladas. Mas eu tenho muita pena. A condição humana é muito triste, e mesmo que tenha sido merecido eu fico com pena quando acontece o cancelamento. Me sinto muito mal na hora de julgar, mas deve ser algo meu, de baixo autoestima".

Como opção, e para que o alvo não seja relegado a um lugar de boicote e banido da vida pública ou do convívio social como normalmente acontece, Clarice sugere: "A gente devia criar o sistema do 'pausamento'. Tipo, a pessoa fica pausada por um tempo". E continua: "A cultura do cancelamento mancha a obra de um artista. Dependendo do que ele fez, eu não consigo mais ouvir".

"E o Michael Jackson, você tira de sua playlist?", pergunta João Vicente. "Ai, às vezes estou em alguma festa e toca uma música dele, dai penso: 'Eita, os meninos...'", responde Clarice se referindo às acusações de pedofilia contra o Rei do Pop.

Questionada se é possível separar a arte do artista, Adriana aproveita para citar uma música que expressa o seu pensamento: "É possível, sim. Tem uma letra do Chico Buarque que fala exatamente isso: 'Mesmo que os cantores sejam falsos como eu. Serão bonitas, não importa. Serão bonitas as canções'".

Papo de Segunda está em sua 8ª temporada e vai ao ar às segundas-feiras no canal GNT, às 22h15.

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