Diretora de Democracia em Vertigem ataca Bolsonaro, e Eduardo responde
Resumo da notícia
- Petra Costa, diretora de Democracia em Vertigem, deu entrevista à PBS sobre o filme
- Cineasta criticou governo Bolsonaro, e disse que em campanha ele "prometeu matar criminosos"
- Costa ainda acusou o presidente de "atacar as artes" e censurar trabalhos
- Eduardo Bolsonaro rebateu acusando Costa de mentir e sublinhando conexão da família com construtora
- Costa falou abertamente sobre como seu avô fundou a Andrade Gutierrez no filme e na entrevista
Petra Costa deu entrevista a um programa da rede de TV norte-americana PBS sobre o seu documentário, Democracia em Vertigem, que foi indicado ao Oscar 2020 na categoria. A cineasta atacou o governo de Jair Bolsonaro na gravação.
Segundo ela, o presidente se aproveitou, durante a campanha eleitoral de 2018, de "uma taxa alta de homocídios no Brasil" para apelar aos votantes. "Ele prometeu matar criminosos", alegou a diretora.
"E houve uma grande onda evangélica que é contra direitos homossexuais, feminismo, pessoas de cor. Todos esses valores da extrema-direita que têm crescido na sociedade brasileira", comentou também.
Costa ainda citou o aumento na taxa de pessoas mortas pela polícia no Rio de Janeiro: "O estado do Rio tem mais gente morta pela polícia do que os Estados Unidos inteiro. Normalmente, pessoas de cor. É um genocídio de brasileiros negros que está acontecendo todos os anos"
"Bolsonaro também incentivou fazendeiros e madeireiros a invadir reservas indígenas e queimar a Amazônia, que já está na beira do abismo e pode se tornar uma savana em qualquer momento. Isso seria trágico para o mundo inteiro", continuou.
Por fim, a diretora acusou o presidente de "atacar as artes" e censurar trabalhos "com conteúdo LGBTQ+, ou que falam da ditadura militar como ela foi, uma ditadura".
Resposta
No Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL - SP), filho do presidente, rebateu a entrevista de Costa, acusando-a de mentir. "Não costumo perder tempo desmentindo canalhas como a Sra. Petra Costa, mas o nível dos absurdos da sujeita chega a ser criminoso", escreveu.
O deputado ainda citou que a cineasta é da família que fundou a construtora Andrade Guiterrez, "empresa metida até o pescoço no Petrolão". "Quero ver distorcer isso", provocou.
Costa, no entanto, cita abertamente a ligação de sua família com a construtora tanto na entrevista à PBS quando no documentário, lançado no Brasil pela Netflix.
"Meu avô fundou uma construtora no Brasil, que cresceu durante a ditadura militar. Os militares assumiram o poder através de um golpe que ele apoiou, e que ele achava positivo, por causa de um medo vindo da Guerra Fria, a ameaça do socialismo e do comunismo", contou ela na entrevista.
"Enquanto isso, os meus pais se tornaram progressistas nos anos 1960, se separaram da família e começaram a lutar contra essa ditadura. Isso criou uma grande divisão na família, mas ela foi um pouco esquecida no tempo em que a ditadura terminou e a democracia começou", disse ainda.
"O Brasil decidiu esquecer todos os crimes cometidos pelos ditadores e pelas pessoas da resistência. Esse esquecimento está na raiz do que estamos vendo se repetir neste momento", completou.
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