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Disney fechada e prejuízos no cinema: Como o coronavírus afeta a cultura

Do UOL, em São Paulo

29/01/2020 04h00

Descoberto na China em dezembro, o coronavírus já afeta a indústria do entretenimento no país asiático. Além disso, acende o alerta para outros locais que registraram ao menos uma suspeita de contaminação, como o Brasil, que analisa três casos de contágio —em Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

As primeiras consequências da proliferação do coronavírus, que já tem 4,4 mil casos registrados e 106 mortes na China, afetaram o parque de diversões da Disney. Localizado em Xangai, ele é considerado o maior investimento da companhia fora dos Estados Unidos —somente no primeiro ano de funcionamento, recebeu mais de 11 milhões de visitantes.

"Devido à prevenção e controle do surto de doença e para garantir a saúde e a segurança de nossos convidados e do elenco, o Shanghai Disney Resort está temporariamente fechando na Shanghai Disneyland, Disneytown, incluindo Walt Disney Grand Theatre e Wishing Star Park, a partir de 25 de janeiro de 2020. Vamos monitorar cuidadosamente a situação junto ao governo local e anunciaremos a data de reabertura após a confirmação", comunicou o grupo.

O parque é um dos principais pontos turísticos do Ano Novo Chinês, que caiu no último sábado e teve sua tradicional celebração suspensa para evitar aglomerações e, consequentemente, a propagação do vírus. Outro local visado por turistas, a Grande Muralha teve trechos fechados para visitação.

Cinema e Oscar afetados

Nesta quarta, a TV estatal Chinesa CCTV anunciou o cancelamento da transmissão do tapete vermelho do Oscar. A emissora tem como tradição realizar uma programação especial para mostrar a entrada dos atores e diretores para a cerimônia de premiação, mas por conta da epidemia do coronavírus, apenas a festa vai ao ar.

Esta medida foi tomada para que não fosse necessário enviar equipe chinesa aos Estados Unidos para a cobertura do tapete vermelho. O trabalho adicional será realizado em Pequim.

A epidemia também deverá atingir as bilheterias dos cinemas no mundo todo. A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), responsável pela organização do Globo de Ouro, prevê uma queda de 10% na arrecadação em função do coronavírus. E a China, com seu 1,3 bilhão de habitantes é um mercado importantíssimo para o cinema.

E não é só Hollywood que está sofrendo com o surto de coronavírus na China. A indústria cinematográfica local também foi afetada, já que o feriado do Ano Novo Chinês é o mais lucrativo para ela, gerando perto de US$ 1 bilhão em bilheteria todos os anos.

Entre os filmes que tiveram suas estreias adiadas, destaque para o novo capítulo da franquia de ação "Detective Chinatown", que arrecadou US$ 474.252 em seu país natal, para a comédia "Lost in Russia", para o épico esportivo "Leap", e para a animação familiar "Boonie Bears: The Wild Life", todas grandes apostas do mercado.

"Ainda é muito cedo para saber exatamente que impacto esta epidemia terá na indústria do cinema da China, mas certamente estará na casa dos bilhões de dólares e representará uma perda de no mínimo 10% na projeção de arrecadação deste ano", diz o comunicado da HFPA.

No futebol, a primeira rodada do Campeonato Chinês e a decisão da Supercopa do país foram adiadas indefinidamente. O jogador brasileiro Hulk, por exemplo, atuou pelo Shanghai SIPG em estádio com portões fechados. O Japão, que sediará os Jogos Olímpicos em julho, confirmou o primeiro caso de coronavírus no país.