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DJ processa Anitta por apropriação: "Como é dela se fui eu que criei?"

Reprodução/Instagram/Montagem UOL
Imagem: Reprodução/Instagram/Montagem UOL

Gustavo Frank

Do UOL, em São Paulo

26/12/2019 14h08Atualizada em 13/02/2020 20h31

O DJ Polyvox usou suas redes sociais para comunicar à imprensa e ao público que está movendo um processo contra a cantora Anitta, a produtora Kondzilla e a marca Ambev pelo uso indevido do movimento 150 BPM. Ao UOL, a Cervejaria Ambev, responsável pela bebida Skol Beats 150 BPM, alega "jamais ter se associado indevidamente a qualquer pessoa ou marca" na criação do produto.

O produtor musical deu início aos processos jurídicos depois do lançamento da bebida, que, segundo ele, foi vinculada erroneamente a Anitta a fim do "lucro em cima de um 'produto intelectual' criado por ele". À época do anúncio do produto, em setembro, a cantora foi anunciada pela Skol como head de criatividade e inovação da marca Beats.

"Há alguns anos, fui o criador do movimento 150 BPM. Estava muito desesperado e deprimido. Tinha perdido meus arquivos de mídia. Ouvia meu filho bater incansavelmente uma garrafa de Coca-Cola. Eu à primeira vista detestei o barulho, mas foi com um pouco mais de sensibilidade que entendi que aquilo poderia virar música. Captei aquele ritmo, descobri o compasso e mixei com outros instrumentos e saiu o primeiro funk com 150 batidas por minuto. Foi um sucesso e fiquei conhecido pela minha criação, que era o ritmo acelerado do funk com 150 batidas por minuto. Até tatuei 150 no braço".

Polyvox afirma que seu intuito com a ação judicial é receber o "pagamento de um valor justo pelo retorno financeiro que a sua criação vai trazer para todos envolvidos".

"O caso é que Anitta, juntamente a Ambev, criou um produto novo no mercado que foi nomeado como 150 BPM - Skol Beats, que era o nome do ritmo. Fiquei sabendo disso quando internautas começaram a interagir comigo pelo Twitter, falando da campanha e estranhando não me citarem como criador do funk acelerado e do nome do ritmo", declarou.

O DJ citou ainda a polêmica envolvendo a voz de Vai Malandra e Ludmilla, que recentemente protagonizaram as manchetes com a discussão envolvendo a autoria da música Onda Diferente, parceria com o rapper Snoop Dogg.

"Com relação a Anitta, vou entrar com outro processo porque ela diz que a autoria do produto como um todo é dela, o que não é verdade. Como pode ser dela se fui eu quem criei o movimento e o primeiro beat nesse viés? Igual fez com a Ludmilla, pois a ideia, a criação e o nome são todos meus e está tudo registrado na Biblioteca Nacional. Tenho provas do que estou falando, não digo do produto químico, mas do nome atribuído a ele que é menção clara a algo criado por mim", acrescentou.

O pioneiro do ritmo faz acusações também contra a produtora Kondzilla, que, segundo ele, usou sua imagem, criação e o nome 150 BPM sem a devida autorização.

"Foi então que me convidaram para fazer um vídeo contando sobre a 150 BPM, vídeo que tem como diretor executivo Konrad, o Kondzilla. Quando gravei o vídeo ninguém tinha me avisado previamente que era um comercial deste tamanho, que usariam minha imagem comercialmente e muito menos que iam usar minha imagem e o nome da criação e basear toda esta campanha no funk acelerado em cima disso", alegou. "Só descobri que era um comercial publicitário quando vi no ar (...) Não assinei contrato nenhum, nem autorizei nada (...) Procurei a Kondzilla Filmes e me disseram que receberiam um cache pela participação, mas ninguém me disse quanto. Até agora não recebi nada".

Por fim, Polyvox argumenta: "Não quero de forma alguma crescer ou me promover em cima da fama de alguém. Só quero o respeito pela obra crida por mim e o verdadeiro reconhecimento por isso, cansei de ser anulado. Como seria com você?".

Publicidade da Skol retirada do ar

A campanha de divulgação da 150 BPM - Skol Beats chegou a ser retirada do ar na última sexta-feira (20) após uma decisão proferida pelo desembargador Natan Zelinschi de Arruda.

Ao UOL, a assessoria de imprensa da Ambev comunicou que a empresa entrou com um pedido de revogação da liminar e que o "produto já pode ser comercializado e divulgado normalmente".

"Informamos que a AMBEV jamais se associou indevidamente a qualquer pessoa ou marca. O termo 150 BPM se refere a um ritmo presente na música brasileira e que tem sido amplamente utilizado nesse universo".

Procurados por telefone e e-mail pelo UOL na manhã de hoje, a assessoria da cantora Anitta e da produtora Kondzilla não se pronunciaram sobre o caso até a publicação dessa matéria. Nos colocamos a disposição para mostrar todos os lados da história e seus respectivos pronunciamentos a qualquer momento.