Fernanda Montenegro protesta: "Sem cultura não há educação"
Fernanda Montenegro fez um discurso emocionado antes da exibição de Piedade, no Festival do Rio, na noite de hoje. Sem mencionar diretamente o nome de nenhum político, ela manifestou seu repúdio aos últimos acontecimentos relacionados à cultura no país.
"É difícil. Sem cultura não há educação e sem educação não há cultura. Eu não entendo o que está acontecendo com este país, tantos xingamentos. Não sei porque essa agressão em torno de nós. Não há explicação. É uma nova moralidade que condena qualquer estrutura contrária ao seu Deus", disparou a estrela.
Na última semana, cartazes de filmes históricos do cinema nacional foram retirados das paredes dos escritórios da Ancine, por determinação da nova direção. O Secretário de Cultura do governo Jair Bolsonaro (sem partido), Roberto Alvim, nomeou o pastor Edilásio Santana Barra Júnior, como superintendente de Desenvolvimento Econômico da Ancine (Agência Nacional do Cinema). O caso gerou revolta na classe artística.
"Nós somos imorredouros. Nós sobrevivemos uma vez. Desta vez, é uma forma assassina. Se eles pudessem estaríamos todos num paredão e eles atirando em nós com metralhadoras", lamentou Fernanda, arrancando aplausos da plateia.
A dama da arte também comentou sobre a temática do longa. "Esse filme é liberto, porque trata uma história verdadeira", definiu ela sobre a película, que retrata os impactos ambientais e na população gerados pela construção do Porto de Suape, na década de 1980, em Recife (PE).
A atriz ainda reforçou a quantidade de mão de obra gerada para produzir um filme, desde a pré-produção até às exibições nas salas de cinema. "Nada disso nasce da noite para o dia. Isso é o resultado de dois, três anos de trabalho de muita gente. Precisa ser valorizado", defendeu.
Além de Fernanda Montenegro, o elenco de Piedade tem Cauã Reymond, Irandhir Santos, Gabriel Leone, Mariana Ruggiero e Matheus Nachtergaele, que não compareceu à sessão especial devido ao falecimento do seu pai. O diretor Cláudio Assis dedicou a exibição a ele.
O Festival do Rio chega a sua 21ª edição depois de quase deixar de acontecer. O evento precisou de um financiamento coletivo para arrecadar fundos, depois da perda de dois grandes patrocinadores, a Petrobras e o BNDES.
A comoção do público, produtores, artistas e empresários levantou cerca de R$ 600 mil em crowdfunding realizado na plataforma Benfeitoria. A Globo Filmes e a Enel são co-patrocinadoras, e o Sesc RJ e a Firjan são apoiadores institucionais. O Ministério da Cidadania, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro também contribuíram por meio de suas leis de incentivo.
O Festival do Rio teve que fazer algumas adaptações. Nos tempos áureos, ele chegou a ter 300 filmes estrangeiros na programação, com a presença de estrelas internacionais em seu tapete vermelho. Atualmente o número de produções gringa caiu para 110 e os artistas trazidos foram custeados com a ajuda das próprias produtoras.
O festival do Rio vai até o dia 14 de dezembro. Paralelamente, acontece o RioMarket, no Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana, onde os produtores, técnicos, profissionais, executivos da indústria criativa e estudantes vão se reunir para discutir as tendências da indústria audiovisual. O catálogo de filmes é bem variado. Ao todo são 200 produções em cartaz. Para saber a programação completa acesse www.festivaldorio.com.br.
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