Cleiton & Camargo dizem que Roxette mudou vida da dupla com Na Hora de Amar
Se não houvesse Roxette, da vocalista Marie Fredriksson, que morreu hoje, a dupla Cleiton & Camargo provavelmente pouco teria experimentado do gosto do sucesso. Lançada em 1998, a faixa Na Hora de Amar, versão em português de Spending My Time, consagrou nacionalmente os goianos, que com ela chegaram ao topo das paradas, viram a agenda de shows fervilhar e passaram a frequentar os programas TV de maior audiência da época, incluindo os de Gugu e Xuxa.
"É muito triste receber a notícia da morte da Marie. Na Hora de Amar mudou nossa vida, nossa carreira. Agradecemos muito a ela e ao Roxette, porque nos permitiram pegar essa essência musical. Sempre gostamos de pop romântico e temos muita influência deles, principalmente na parte técnica. De colocar a guitarra na música, a bateria à frente. Foi uma escola", diz ao UOL Cleiton, que prestou homenagem à cantora nas redes sociais (veja abaixo).
A ideia de regravar Roxette veio após o sucesso de Quando um Grande Amor Se Faz, versão de Cantare è D'amore, do italiano Amedeo Minghi, quando a dupla passou a investir em versões de hits românticos internacionais, a exemplo do que fizera o grupo Yahoo uma década antes. Cleiton & Carmago também "aportuguezaram" Take My Breath Away, da banda Berlin, e Still Loving You, dos Scorpions, mas nenhuma ganha a projeção de Na Hora de Amar, cuja letra foi escrita pelo produtor César Augusto (Zezé Di Camargo & Luciano).
"Escolhemos 'Spending My Time' porque ouvíamos e gostávamos muito. Tentamos trazer esse som para nosso universo, mas com uma letra mais romântica, mais cotidiana. Antes de lançar, tivemos que enviar a primeira versão para o Roxette e a gravadora deles aprovarem, porque eles trabalhavam assim. Eles aprovaram e o resultado foi sensacional", destaca o cantor. "O Brasil abraçou a versão. Até hoje elas nós dá um retorno grande, basta ver o número de visualizações no YouTube e nas redes sociais. Nos shows, a resposta do público é uma coisa inacreditável."
Influência no sertanejo
Para Cleiton, cujo nome de batismo é Luciano dos Santos, a estratégia de trazer hits estrangeiros ao mundo do sertanejo nos anos 1990 se mostrou seminal, vide o sucesso que Sandy e Júnior e KLB tiveram em seguida, usando do mesmo expediente. A nova configuração do sertanejo universitário, que já há alguns abraça arranjos, sonoridades e melodias inspiradas no pop internacional, também tem influência da dupla e da versão, frisa ele.
"O Gustavo Lima, por exemplo, regravou Na Hora de Amar em um dos últimos projetos dele. Muita gente não sabe, mas ele está fazendo uma cover da nossa versão. Se você prestar a atenção, vai perceber todo o cuidado do César Augusto teve na letra. Ele tinha a preocupação de terminar as palavras com a mesma sonoridade do inglês. O que aproximava muito da original. Esse cuidado também é influência do Roxette", entende.
"Muita gente que não curtia sertanejo nos anos 1990 passou a curtir. Quembramos uma barreira entre sertanejo e quem curtia pop e rock. Viemos com uma detalhismo de timbre, bateria e interpretação que marcou muito e que hoje, infelizmente, anda em falta", continua Cleiton, que planeja para o ano que vem um novo álbum ao lado de Carmargo, com regravações de sucessos e uma parceria inédita com a dupla Jorge e Matheus.
"Ainda não tem nome, mas estamos pensando em regravar de novo o Roxette. Será um projeto muito legal, em estúdio e exclusivo do YouTube, com uma parte de iluminação e cenário muito interessante. Os fãs vão poder relembrar da nossa história e, de alguma forma, do que o Roxette representou para a gente. Também vamos fazer uma música nova, com sonoridade atual."
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