Preta Gil repudia estratégia de faturar com público gay: Diversidade no DNA
Resumo da notícia
- Preta Gil ressalta a importância da militância LGBTQI+ por meio da música
- Cantora explica que não foi uma estratégia faturar com o público gay
- Artista defende que seus fãs são diversos e convivem de forma harmônica em seus shows
- Gloria Groove reforça o coro de Preta na luta pela causa LGBTQI+
- Cantora drag queen exalta a representatividade em diferentes áreas
Preta Gil está há ao menos 15 anos no mercado do entretenimento. Desde que iniciou na carreira artística, a cantora atraiu naturalmente a atenção do público LGBTQI+ ao falar abertamente da sua liberdade sexual, quebrando tabus, e muitas vezes sendo até vítima de comentários preconceituosos.
"Desde que me entendo por gente, meu público foi composto por pessoas como eu, que acreditam que o amor é livre e todos devem ser respeitados, independente da sua condição sexual, do gênero, da classe social e religião", declara.
A artista, que convidou mulheres transexuais para participarem do videoclipe de Só O Amor, feat com Gloria Groove e participação da atriz transexual Glamour Garcia, parte da trilha sonora de A Dona do Pedaço, na Globo, defende a importância de lutar pela causa e ir além da militância de telão.
Filha da Tropicália
Filha de Gilberto Gil, afilhada de Caetano Veloso e Gal Costa, a cantora de 45 anos cresceu durante a Tropicália, importante movimento artístico das décadas de 60 e 70, em meio à ditadura militar no Brasil. Para ela, a diversidade está no DNA.
"Isso é uma coisa absolutamente natural em mim. Nasci em uma família onde a diversidade era a naturalidade da minha criação. Fui criada com tios, tias, parentes, amigos de todas as formações de casais. Heterossexuais e gays sempre conviveram com muita naturalidade no nosso meio", lembra.
"Quando comecei minha carreira, o choque foi contrário. Me choquei ao descobrir que existiam pessoas que viravam a cara, que tinham preconceito, homofobia. Isso para mim era uma coisa absolutamente desconhecida", lamenta ela, que revela alguns desses episódios em seu espetáculo Mais Preta Que Nunca!, que ela fará uma turnê nacional em 2020.
Pink Money?
Sabendo do potencial de consumo do público gay, o número de cantoras que levantam a bandeira do arco-íris em seus shows cresceu muito nos últimos tempos —algumas delas são acusadas de mirar o chamado pink money, expressão usada para definir quem fatura em cima do público gay, sem realmente defender os direitos da população LGBTQ+.
"Se outras pessoas tiveram como estratégia, eu não posso falar por elas. Posso dizer por mim. A bandeira da diversidade é o meu DNA. Tudo que estiver fazendo na vida, vou lutar para que os gays, as trans, os negros e todas as pessoas que se sentem oprimidas pela sociedade e de fato são, comigo se sintam abraçadas e exaltadas", garante.
Preta atribui a conquista dos fãs à sua essência.
Atingir o público LGBTQI+ nunca foi uma estratégia, nem opção. Sempre foi o que eu sou. Isso é a minha essência. Sou filha dessa concepção de mundo, onde as pessoas são o que elas são. Isso nunca foi algo pensado.
Preta Gil, cantora
Representatividade importa
Gloria Groove vê como uma revolução sua voz ter sido tocada ao lado da de Preta no horário nobre da TV para ilustrar a história de uma personagem trans.
"A ideia da Amora Mautner [diretora de A Dona do Pedaço] foi incrível e a iniciativa da Preta de fazer um documentário e um clipe para tratar este assunto é sensacional. Isso mostra a relevância do trabalho que estamos fazendo", comemora a cantora drag queen.
Antes de lançar o vídeo de Só o Amor, Preta divulgou em seu canal o documentário Vidas Transversais, mostrando a história de quatro mulheres transexuais, que conseguiram se colocar no mercado de trabalho. Paola Valentina, produtora cultural do Museu da Diversidade Sexual de São Paulo; Marcela Bosa, gerente de banco; Emanuelle da Silva Bernardo, enfermeira, e Paula Beatriz, professora e diretora de escola estadual, também participam do clipe ao lado das artistas.
"Representatividade importa. É importante que a sociedade e as pessoas trans saibam que o caminho é difícil, mas ele é real. Você pode, deve e consegue, sim, ser respeitado. As pessoas trans não podem mais viver à margem da sociedade e serem excluídas, menosprezadas, diminuídas, humilhadas. Quis mostrar histórias reais e possíveis de mulheres trans que conseguiram conquistar seus direitos", defende a cantora.
"Para mim, a raiz de tudo é a verdade embutida na nossa arte ao tratarmos desses temas. Se falarmos de transexuais, temos que retratar a realidade dessas mulheres. Além de só cantar, nós usamos o nosso lugar de 'privilégio' para trazer a essas pessoas, de forma bem prática, como elas podem reivindicar seus direitos e ser o que elas quiserem. E mostramos que elas não estão sozinhas", completa Gloria Groove.
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