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Fã de 5 anos se maquia como Gene Simmons, do Kiss, e sonha conhecer a banda

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

08/12/2019 04h00

A despedida do Kiss chegará ao Brasil somente em maio de 2020, mas já anima um dos fãs mais novos da banda veterana. Em Ribeirão Preto, uma das seis cidades que receberão a turnê The End of the Road, mora Heitor Labaki, garoto de cinco anos apaixonado pelo grupo norte-americano.

O gosto de Heitor pelo rock pesado do Kiss impressionou a mãe, Aline Labaki. Embora escute rock em casa (ela gosta de Led Zeppelin e Queen e o marido, Denis, curte Ramones e Sex Pistols), o interesse do filho surgiu esponteamente, e por meio de um desenho animado.

Heitor, garoto de cinco anos fã da banda Kiss - Aline Labaki/Acervo pessoal - Aline Labaki/Acervo pessoal
Heitor, garoto de cinco anos fã da banda Kiss
Imagem: Aline Labaki/Acervo pessoal
"Heitor descobriu o Kiss quando tinha 3 anos e meio, através do Scooby Doo. A banda participa de uma das temporadas, e ele começou a nos pedir Kiss. Sem entender, colocávamos, e ele passava horas vendo os shows. Só fui entender como ele havia descoberto a banda quando um dia fui buscá-lo na casa da avó e ele pediu para esperar o desenho acabar. Para nós foi uma surpresa, pois não era corriqueiro na playlist da casa", explica Aline Labaki.

Desde então, o fã mirim trocou a Galinha Pintadinha pelo Kiss, e se diverte ouvindo o som pesado da banda quase cinquentona. Ele até pede para a mãe maquiá-lo como os integrantes. O último show do grupo será o primeiro de Heitor, que já pediu uma fantasia especial para a apresentação: quer ir de Gene Simmons ou Eric Singer —"o gato", diz o pequeno.

"Participamos de um evento em que ele foi como Gene Simmons. Quando ele ganhou o ingresso da madrinha dele, ficou muito empolgado e pediu: 'Mamãe, faz em mim uma maquiagem do Paul Stanley?'. Eu já tenho todo o aparato, a tinta branca, a sombra preta, e ele sabe exatamente as cores, sabe que o Paul usa batom vermelho e o Gene usa esmalte preto, e quer passar", conta a mãe.

Kiss foi o tema da festa de aniversário de Heitor - Aline Labaki/Acervo pessoal - Aline Labaki/Acervo pessoal
Kiss foi o tema da festa de aniversário de Heitor
Imagem: Aline Labaki/Acervo pessoal

Campanha na internet

A inclusão de Ribeirão Preto, um reduto sertanejo, na turnê de despedida do Kiss surpreendeu a família de Heitor. A mãe decidiu promover uma campanha nas redes sociais para que o filho pudesse conhecer a banda em seu primeiro show de rock.

"O mais difícil aconteceu, mal temos shows de rock em Ribeirão Preto, fora o João Rock. Quando anunciaram o Kiss, choramos de emoção e comemoramos. Pedi para meu marido encostar o carro e já montei o post no Facebook. O marido de uma amiga minha, guitarrista, conhece o pessoal que faz o evento. Eles ficaram muito surpresos e felizes e prometeram se esforçar para [o post] chegar à produção do Kiss", afirma Aline Labaki, que faz um alerta.

"A parte negativa é que estão usando meu post para pedir dinheiro para eu levar o Heitor a São Paulo, e não pedi em nenhum momento, só quero que ele conheça a banda. Nem precisamos ir juntos, basta alguém levá-lo pela mão", avisa.

"Rock também é para criança"

Gene Simmons atraiu Heitor de cara, pelo instrumento que toca (contrabaixo em forma de machado) e por cuspir fogo. Mas isso é coisa para criança? Nesta semana, o novo presidente da Funarte, Dante Mantovani, afirmou que rock "ativa a droga, o aborto e o satanismo". A mãe de Heitor, por sua vez, se orgulha de ter um filho roqueiro.

Heitor Labaki se fantasia de Gene Simmons, do Kiss, com a mãe, Aline Labaki - Aline Labaki/Acervo pessoal - Aline Labaki/Acervo pessoal
Heitor Labaki se fantasia de Gene Simmons, do Kiss, com a mãe, Aline Labaki
Imagem: Aline Labaki/Acervo pessoal
"Eu acredito que todo tipo de música é cultura. O rock é uma vertente de protesto, de quem nunca vai se calar frente a problemas sociais e políticos. Somos totalmente avessos a qualquer tipo de preconceito. Para nós, é um orgulho muito grande o nosso filho ser roqueiro, vê-lo cantando as músicas, vestindo maquiagem e passando esmalte, porque isso não define o caráter, e sim a educação que damos a ele", opina.

Embora o rock não tenha idade, o show do Kiss tem classificação indicativa: 14 anos. Os pais de Heitor, contudo, já se preparam para conseguir a liberação para o filho de 5 anos curtir o show da banda favorita.

"A classificação indicativa foi uma preocupação muito grande que tivemos desde o início da divulgação do show. Porém, como vamos na arquibancada pensando na segurança dele, e lá não vai ter bebida alcoólica, acredito que vai ser mais tranquilo. De qualquer forma, estamos preparando a documentação para ir diretamente ao fórum e ter a certificação de que não precisamos de nenhum tipo de formalidade do juiz autorizando a entrada dele", planeja.