Emicida se apresenta no Municipal e mostra que lugar do rap é onde quiser
Resumo da notícia
- Emicida se apresentou no Theatro Municipal de São Paulo
- Rapper registrou show para usá-los no projeto Experimento Social AmarElo, um filme baseado no disco
Houve uma época, em "tempos idos", em que o samba só conseguia penetrar no elitista Theatro Municipal do Rio pelas "portas dos fundos", em bailes com orquestras e concursos de fantasias. Beth Carvalho rompeu essa regra em 2005 e, 14 anos depois, uma história semelhante acaba de ser escrita.
Emicida fez hoje à tarde, com ingressos esgotados, um dos primeiros shows de rap no Theatro Municipal de São Paulo — o primeiro com tal graciosidade — para celebrar seu elogiado álbum AmarElo, que lançou há um mês com participações de Drik Barbosa, Pabllo Vittar e Zeca Pagodinho, entre outros.
Pode filmar
Assim como no show que ocorreria em seguida — eram duas sessões —, Emicida registrou a apresentação em áudio e vídeo para usá-los no projeto Experimento Social AmarElo, um filme baseado no disco. Diferentemente de outros eventos no Municipal, fotos e vídeos feitos pelos fãs estavam liberados. Eles serão escolhidos na internet via hashtag pelo selo Laboratório Fantasma e também farão parte da futura produção.
Rap no palco mais nobre
Logo depois da segunda música do show, Quem Tem Amigo Tem Tudo, Emicida discursou sobre a importância de levar o rap ao Theatro Municipal e o que isso significa para ele e para um gênero que nasceu nas ruas e hoje vive dias de glória. "Sozinho a gente não faz nada. Isso aqui é resultado do trabalho de muita gente. Essa conquista representa a anistia dos que vieram antes. Pra gente, é mágico apresentar AmarElo nesse lugar."
Público
Como é um show de rap no Theatro Municipal? Não muito diferente de outros concertos no espaço artístico mais tradicional de Sao Paulo. Público sentado, em postura reverente e respeitosa ao mestre de cerimônia, mas não o tempo todo. A diferença está principalmente no volume dos aplausos, nos gritos e cantoria, além de momentos em que o clima de rinha domina e todos ficam de pé, como aconteceu em Levanta e Anda, Passarinhos, Gueto e Ubuntu Fristaili. "Eu tento ser um cara elegante, olha o lugar que eu arrumo para vocês. Não vamos perder a classe agora", brincou Emicida no fim do show.
Show de rap?
Que se respeite a origem musical e essência da sonoridade de Emicida, mas o show de AmarElo transcende o complemento "de rap". A banda é preponderante na condução e Emicida canta melodias como nunca fez na carreira. A mensagem social, o DJ e os graves dos flows estão todos lá, mas o jeito é de celebração MPB, com suingue e várias referências à música brasileira. No lado direito do palco, um intérprete de libras garantia a acessibilidade.
E os feats?
Das participações especiais do álbum AmarElo, subiram ao palco MC Tha (Ordem Natural das Coisas), Drik Barbosa (9nha), Jé Santiago e Papillon (Eminência Parda) e Majur e Pabllo Vittar (AmarElo), que viram o público explodir no hit que cita Belchior. As drags roubaram a cena do Municipal e receberam a mais ruidosa reação ao lado de Emicida, aplaudidas de pé. "Obrigado, Theatro Municipal. Nos vemos nos livros de história", despediu-se o rapper.
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