"CNN do Gugu": Morte dos Mamonas rendeu audiência histórica ao apresentador
O apresentador Gugu Liberato, morto aos 60 anos após um acidente doméstico, fez história na TV com quadros inusitados e o espaço que deu a artistas nacionais e internacionais. Mas foi uma cobertura jornalística que lhe rendeu a maior audiência da história do Domingo Legal e alguns dos maiores elogios de sua carreira: a da morte dos Mamonas Assassinas, que fez o programa bater 47 pontos de audiência.
Os integrantes da banda morreram em 2 de março de 1996, após um trágico acidente aéreo na Serra da Cantareira, na região metropolitana de São Paulo. No dia seguinte, Gugu entrou no ar em tom sóbrio, anunciando que a tristeza imperava nos estúdios do SBT e que o Domingo Legal "não seria tão legal" naquele dia, posto que o programa seria integralmente dedicado à cobertura noticiosa do acidente. Em tempos pré-redes sociais, era um diferencial frente à concorrência.
Ao longo da edição, o apresentador conversou com o repórter Carlos Cavalcante, que estava no Instituto Médico Legal (IML), para onde os corpos haviam sido levados; entrevistou o então governador Mário Covas; e atualizou o público com informações quentes, como o horário e o local do velório dos músicos.
Gugu ainda levou ao palco a vidente Mãe Dináh, que supostamente havia previsto o acidente e a morte dos integrantes da banda, e lembrou um detalhe curioso: o avião que transportava os Mamonas Assassinas era o mesmo que, antes, o havia levado a Uberaba, onde ele entrevistou Chico Xavier.
As informações foram intercaladas com momentos do grupo no Domingo Legal, incluindo a participação de Alecsander Alves, Dinho, na famosa Banheira do Gugu. Os Mamonas eram figurinhas assíduas do programa, que se tornou um dos principais veículos de divulgação da banda.
Investimento em jornalismo
A cobertura intensa da morte dos integrantes dos Mamonas Assassinas rendeu, à época, a alcunha de "CNN do Gugu" ao Domingo Legal. "Foi um negócio simpático por parte dos jornalistas. Nós vimos naquele dia que estávamos no caminho certo", disse o apresentador à Folha de S. Paulo, em uma entrevista publicada em abril de 1996.
Na ocasião, Gugu relatou que começou a preparar o material sobre a banda desde cedo. "Eu recebi a notícia às 7h30. Tirei todos os diretores da cama, pedi para eles irem ao teatro e levantarem todo o material. Perguntei pelo nosso helicóptero. Ele estava no Rio. Mandei o comandante vir do Rio e pegar outro helicóptero, porque eu ia entrar no ar, ao meio-dia, com esse assunto."
O apresentador ainda teve de aplacar as preocupações de Silvio Santos, que receava que o SBT não entrasse de forma apropriada no assunto.
"Ele estava preocupado porque, na morte do Ayrton Senna, quando o SBT passou o dia inteiro sem dar nada, toda a programação já estava gravada. Eu disse ao Silvio para ele ficar tranquilo, que eu passaria o programa inteiro em cima do assunto Mamonas. Falei para ele: eu quero entrar no ar a partir das 11h com flashes avisando que eu estaria com esse assunto no programa. Naquele dia, nós fomos a única fonte de informações, servindo não só ao público, como a uma série de veículos da imprensa."
O jornalismo que o dominical já vinha incluindo era, segundo ele, um grande diferencial frente aos concorrentes como o Domingão do Faustão. "Aos domingos, as pessoas são carentes de informação. Elas só podiam ter informação à noite, no Fantástico. Eu tinha que oferecer alguma coisa a mais do que os outros programas oferecem. Meu programa tem que ser engraçado, ter artistas, ter música, como o Silvio Santos, tem que ter a característica de variedades do Faustão, mas tem que ter um diferencial."
A fórmula deu certo. Exibido entre as 12h10 e as 15h30 do dia 3 de março de 1996, o Domingo Legal registrou média de 37 pontos no Ibope, com picos de 47 - frente a apenas 13 da Globo. A média do programa do SBT era de 18 pontos, de acordo com reportagem da Folha publicada na época.
Nos anos seguintes, no entanto, o programa teve sua credibilidade manchada por conta da exibição de uma entrevista com falsos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital). O ocorrido se tornou caso de polícia e manchou a trajetória do apresentador.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.