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Após agressão, David Miranda faz petição e pede demissão de Augusto Nunes

Do UOL, em São Paulo

07/11/2019 20h18

O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) lançou um abaixo-assinado para pressionar veículos de comunicação a demitir o jornalista Augusto Nunes, depois de agredir Glenn Greenwald, seu companheiro, durante participação no programa "Pânico", da rádio Jovem Pan.

"Esse canalha usou nossos filhos, duas crianças, para atacar o trabalho do meu marido. Hoje ele agrediu Grenn ao vivo. Se os veículos em que trabalha esse jornalista sem ética e sem escrúpulos forem sérios, ele será demitido. Assine para pressionar", escreveu Miranda, em seu prefil no Twitter.

Cerca de 6.200 pessoas já haviam assinado a petição, até a publicação desta matéria. A meta é chegar a 7 mil. Atualmente, Nunes é colunista da revista Veja, e comentarista da TV Record e da Jovem Pan.

A confusão começou logo após Glenn questionar Nunes se um juiz deveria investigar sua família.

"Nós temos muitas divergências políticas, eu não tenho problema nenhum em ser criticado pelo meu trabalho - eu critico ele também. Mas o que ele fez foi a coisa mais feia e suja que eu vi na minha carreira como jornalista, inclusive fazendo guerra com CIA, governo Obama, governo do Reino Unido. Ele disse que um juiz de menores deveria investigar nossos filhos e decidir se nós deveríamos perder nossos filhos. (Que) eles deveriam voltar para o abrigo, com base nenhuma. Acusando que estamos abandonando, fazendo negligência de nossos filhos. Eu quero saber se você acredita que um juiz de menores deveria investigar nossa família com possibilidade de tirar nossos filhos de nossa casa, sem pai nem mãe, sem família nenhuma", disse Glenn.

"Essa é a prova de que o Brasil criou o faroeste à brasileira. Quem tem que se explicar é quem comente crimes, quem fica cobrando quem age honestamente. Ouça-me: o que eu disse, vocês vão perceber, é que ele não sabe identificar ironias, não sabe identificar um ataque bem-humorado. Convido ele a provar em que momento eu pedi que algum juizado fizesse isso. Disse apenas que o companheiro dele passa tempo em Brasília, passa o tempo todo lidando com material roubado. Quem vai cuidar dos filhos?", respondeu Nunes.

Glenn reagiu: "Você é um covarde! Você é um covarde! Eu vou falar o porquê". Ele então foi interrompido por Nunes. A primeira tentativa de agressão não deu certo, mas depois Nunes atingiu o rosto de Glenn. O norte-americano tentou revidar, mas não conseguiu.

A volta ao ar

Depois de cerca de 12 minutos, o programa voltou ao vivo, sem Nunes. A Jovem Pan pediu desculpas pelo ocorrido. "Não foi nada irônico. (...) Ele nunca falaria que um juiz deveria investigar se os chefes que têm filhos, onde as duas pessoas trabalham. Ele só fala isso sobre nós. Isso é covardia", disse Glenn.

A rádio Jovem Pan também lamentou o episódio em nota, e pediu desculpas "aos ouvintes, espectadores e convidados desta edição do Pânico, inclusive Glenn Greenwald".

"A liberdade de expressão e crítica concedida pela Jovem Pan a seus comentaristas e convidados, contudo, não se estende a nenhum tipo de ofensas e agressões. A empresa repudia com veemência esses comportamentos'", afirmou a emissora.

No Twitter, o site The Intercept Brasil, do qual Glenn Greenwald é um dos três fundadores, também divulgou comunicado em que repudia o comportamento de Augusto Nunes.

"É uma conduta lamentável utilizar crianças para agredir adversários políticos e mais ainda, recorrer à agressão física em um debate", diz trecho da nota. "O Intercept vem a público prestar solidariedade a Glenn Greenwald, jornalista que por conta de seu trabalho está sob ameaça constante há meses e que diariamente tem que lidar com todo tipo de agressão", completa.