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"O Pasquim" faz 50 anos e ganha exposição em São Paulo

Capa da edição 223 de "O Pasquim" - Divulgação
Capa da edição 223 de "O Pasquim" Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

05/11/2019 15h47

A partir do dia 19 de novembro, o Sesc Ipiranga, em São Paulo, recebe a exposição "O Pasquim 50 anos", que comemora o aniversário de meio século da primeira edição do jornal carioca fundado em 1969. Com curadoria de Zélio Alves Pinto e Fernando Coelho dos Santos, a abertura da exposição será realizada em conjunto com o lançamento da página do jornal na plataforma digital da Biblioteca Nacional, que disponibilizará todas as edições do periódico para pesquisa.

"O Pasquim" surgiu no final da década de 1960 como um projeto do cartunista Jaguar e dos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral. Jovial e debochado, tornou-se símbolo do jornalismo alternativo durante a ditadura civil-militar brasileira, regime instaurado entre 1964 e 1985. Seu ar cômico e irreverente desafiava os preceitos morais da elite carioca.

Reportagens e artigos comportamentais que falavam sobre sexo, drogas e divórcio conquistavam leitores e promoviam discussões singulares para a época.

Responsável por realizar um jornalismo mais oralizado, o semanário ficou conhecido por suas longas entrevistas, feitas principalmente em ambientes festivos, cheias de intromissões dos colaboradores.

Batizada de "a patota", as reuniões de pauta uniam jornalistas, cartunistas e intelectuais como Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Chico Buarque, Ivan Lessa, Paulo Francis, Vinícius de Moraes, Glauber Rocha, Odete Lara, Carlos Prósperi, Sérgio Augusto, Henfil, Fortuna, Cacá Diegues, Miguel Paiva, Carlos Leonam, entre tantos outros.

Para Fernando Coelho dos Santos, um dos curadores da exposição, "a seleção dos trabalhos que compõem a exposição propõe um olhar na trajetória desse periódico de humor através da história dos costumes e da política brasileira, tendo como protagonistas autores geniais que, mesmo nas dificuldades, mantiveram o jornal rodando."

A exposição

Definida como uma exposição "eminentemente gráfica" por Daniela Thomas, cineasta e cenógrafa que assina a expografia junto a Felipe Tassara e Stella Tennenbaum, a história do semanário ocupa toda a unidade com diferentes formatos.

Na área de convivência, destinada principalmente a leitura e encontro, a intervenção "O Som do Pasquim" traz discos de vinil lançados ao longo da história do jornal. Com fones de ouvidos e banquinhos, a estrutura apresenta obras como a primeira gravação de Águas de Março, de Tom Jobim, produção que lançou João Bosco no lado B; Caetano Veloso lançando Fagner; Jorge Bem e Trio Mocotó com participação de Leila Diniz; entre outros. Além disso, o visitante pode ouvir o LP Anedotas do Pasquim com piadas contadas por Ziraldo, Chico Anisio, Golias e Zé Vasconcelos.

Detalhe de ilustração publicada em "O Pasquim"  - Divulgação - Divulgação
Detalhe de ilustração publicada em "O Pasquim"
Imagem: Divulgação

Ainda no espaço, uma Linha do Tempo proporciona uma viagem entre 1969 e 1991, ano da última publicação do periódico, com 50 capas e textos complementares.

O quintal do Sesc Ipiranga recebe diferentes intervenções: As Máximas do Pasquim, coletânea de frases lema que foram publicadas em todas as edições, entre elas "Pasquim, um jornal a favor do contra" e "Na terra de cego quem lê Pasquim é rei" ocupam a parede do solário.

Estruturas giratórias que apresentam quadrinhos de diferentes artistas também são destaque na exposição. Cerca de 12 produções inéditas trazem Histórias da Patota contadas por artistas como Paulo Caruso, Luiz Gê, Miguel Paiva e Pryscila Vieira.

Na área superior, a Praça de Ipanema relembra o famoso bairro carioca onde o "Pasquim" nasceu e fez sucesso.

No galpão da unidade, uma redação com 26 rotativas de diversos trabalhos publicados é recriada para o público imergir na realidade do periódico. Uma mesa-vitrine traz fotos, livros e revistas selecionados pela curadoria. Além disso, os visitantes também podem ouvir histórias dos colaboradores em um telefone e redigir suas ideias em uma máquina de escrever.

Edição número 28 de "O Pasquim"  - Divulgação - Divulgação
Edição número 28 de "O Pasquim"
Imagem: Divulgação

Em frente à principal área expositiva, o espaço Turma do Pasquim exibe cerca de 33 integrantes da patota em homenagem aos mais de 4.000 colaboradores do jornal. Nomes como Millôr, Chico Buarque, Caetano Veloso, Vinicius de Moraes, Jô Soares e Elke Maravilha são representados em tamanho real, acompanhados por uma curta biografia.

Também na área externa, A Gripe do Pasquim revive o momento em que 11 integrantes do semanário foram presos. O motivo da detenção teria sido uma brincadeira. Na 71ª edição, o quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo, apresentado entre os conteúdos daquele número, ganhou um balão sobre a cabeça de Dom Pedro 1º que dizia: "Eu quero mocotó! ". Nesse espaço, serão apresentadas histórias da patota no "tempo de xilindró" através de vídeos, cartuns censurados e diversos outros registros.

Outras duas salas brincam com as diferentes formas com as quais os redatores trabalhavam as temáticas da época. Na sala Pasquim Ativista, cartazes e placas com frases cobrem as paredes e rememoram o comprometimento do semanário com assuntos como a sustentabilidade, anistia e as Diretas Já. O segundo espaço, denominado Pasquim Incorreto, é composto por módulos que lembram monóculos e traz recortes de diversos conteúdos que fizeram parte da publicação, com a proposta de que sejam vistos pelas lentes do passado e provoquem reflexões sobre o presente.

Sobre a plataforma

Em conjunto com a exposição, a Fundação Biblioteca Nacional lança um site dedicado ao semanário. Além de todas as 1.072 edições digitalizadas, a plataforma possibilita a pesquisa no conteúdo por meio de palavras-chaves. O trabalho de digitalização levou mais de um ano e teve o apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e do cartunista Ziraldo, que cederam exemplares para completar a coleção da Biblioteca Nacional, além da colaboração de Fernando Coelho dos Santos com a produção de conteúdo.

A plataforma conta também com uma seção de "memórias", com textos produzidos por colaboradores do "Pasquim" e índices de seções do jornal, trazendo uma nova experiência para o público. Foram identificados mais de 4.000 mil colaboradores e mais de 200 seções ao longo dos 22 anos em que o "Pasquim" circulou.

Digitalizadas e disponíveis no portal de periódicos da Biblioteca Nacional - a Hemeroteca Digital Brasileira -, a plataforma integra um acervo de mais de 7.000 mil títulos históricos em formato digital.

Serviço

Abertura: dia 19 de novembro de 2019, às 19h

Visitação: 20/11 de 2019 a 12/4 de 2020

Horário: terça à sexta-feira, de 9h às 21h30. Sábados, de 10h às 21h30. Domingos e feriados, de 10h às 18h30.

Endereço: Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga. Telefone: (11) 3340-2000