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Da igreja ao funk tailandês, conheça a história viajante do trio Khruangbin

Khruangbin - Gary Miller/Getty Images
Khruangbin
Imagem: Gary Miller/Getty Images

Liv Brandão

Colaboração para o UOL

10/10/2019 04h00

A palavra "khruangbin" significa "avião" em tailandês, e não poderia ser mais adequada para batizar o trio americano que se apresenta no Rio, no dia 13 de novembro, no Circo Voador, e em São Paulo, no dia 15 de novembro, como parte do line-up do Popload Festival.

Com suas gravações quase totalmente instrumentais, que misturam psicodelia, soul, funk tailandês, ritmos do Oriente Médio, rock e dub, a intenção de Laura Lee (baixo), Mark Speer (guitarra) e Donald "DJ" Johnson (bateria) é levar os ouvintes por uma viagem entre os mais variados estilos dos mais variados países - a tal da world music sem a pecha pejorativa que comumente é associada ao estilo.

E o Khruangbin faz isso não só através de suas composições como White Gloves e People Everywhere (Still Alive), que caíram no gosto de nomes como Father John Misty e Massive Attack, para quem serviram de banda de abertura, e de festivais como o Glastonbury e South by SouthWest, onde já se apresentaram.

Nerds contra a islamofobia

Autodeclarados nerd musicais, os três também são celebrados por curar playlists com sons de países como Irã, Afeganistão, Tailândia e Turquia, entre outros, através do site AirKhruang, que reproduz a experiência de compra de uma passagem aérea, e que, para eles, serve como uma forma de se lutar contra a islamofobia crescente nos Estados Unidos ao divulgar a cultura do Oriente Médio.

Toda essa influência multiétnica eles receberam em casa: o estado americano do Texas é conhecido por ser um dos mais conservadores dos Estados Unidos, mas sua maior cidade, Houston, onde o trio foi formado, é um oásis cosmopolita - em 2010, ela ultrapassou Nova York em termos de diversidade étnica e racial, graças à imigração.

E foi nesse caldeirão de culturas que surgiu o Khruangbin. Mas a história da banda remonta desde muito antes de lançarem seus três álbuns de estúdio - The Universe Smiles Upon You, de 2015, Con Todo El Mundo, em 2018, e Hasta El Cielo, que saiu esse ano, com versões dub de músicas já lançadas.

Speer e Johnson se conheceram em 2004, quando tocavam na banda gospel de uma igreja metodista. Três anos depois, foi a vez de os caminhos de Speer e Lee se cruzarem. Ela, que estava aprendendo a falar tailandês na época, também tomou aulas de baixo com Speer e, após saírem em turnê com o grupo Bonobo, em 2010, decidiram montar seu próprio projeto, com DJ na bateria e ocasionalmente nos teclados.

Música no celeiro

Speer trouxe os sons do Oriente Médio, DJ era conhecido na cena de hip-hop de Houston e junto de Lee vieram as influências latinas de sua família mexicana. Desde então, os três se entocam num celeiro em Burton, uma cidadezinha texana de 300 habitantes, que consideram o quarto membro da banda. Lá, trabalharam com Steve Christensen, engenheiro de som das turnês das Destiny's Child, também filhas do Texas.

Para acompanhar o som viajandão, a banda costuma exibir, em seus shows, efeitos psicodélicos nos telões, além de perucas pretas, usadas por Lee e Speer no palco. Nos tempos duros do começo da carreira, os acessórios ajudavam a não serem reconhecidos quando estavam no palco depois de venderem seu próprio merchandising na banquinha dos shows.

"Queremos promover união e um mundo menos dividido por fronteiras", repetem eles em várias entrevistas. Para o trio, a música vai muito além dos Estados Unidos, e o clima de divisão do país após a eleição de Donald Trump e do endurecimento das leis de imigração não tem vez em suas canções.

Como por exemplo Maria También, que, apesar do título em espanhol, é dedicada às atrizes e cantoras iranianas obrigadas a interromper as suas carreiras ou até mesmo a fugir do país após a revolução Islâmica de 1979 - e a influência fica clara nas linhas de guitarra.

POPLOAD FESTIVAL 2019

Com shows de Patti Smith, The Raconteurs, Hot Chip, Tove Lo, Cansei de Ser Sexy, Little Simz, Khruangbin, Boy Pablo, Luedji Luna e o bloco Ilê Aiyê
Quando: 15 de novembro
Onde: Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda, São Paulo)
Horários: Abertura dos portões às 10h; início dos shows às 10h45
Ingressos: pista R$ 580 (inteira), pista premium R$ 800 (inteira)
Onde comprar: www.ticketload.com e bilheteria do Unimed Hall