Topo

Zé Ramalho relembra o vício em cocaína: "Apenas parei"

Joshua Bryan e Denilson Santos/AgNews
Imagem: Joshua Bryan e Denilson Santos/AgNews

Colaboração para o UOL

05/10/2019 07h33

Zé Ramalho falou sobre as dificuldades no início da carreira e sua relação com drogas no Conversa com Bial de ontem. O cantor afirma que viu o auge do surgimento da cocaína no Rio de Janeiro.

"Quando cheguei, o cartel de Cali [na Colômbia] estava investindo essa substância no Rio, botando da melhor qualidade para viciar. Pessoas das gravadoras, gerentes, presidentes, políticos usavam. Eu apenas parei. Nunca fiz tratamento, psicanálise, simplesmente disse: 'hoje é a última vez' e nunca mais retornei", confidenciou.

Mas não foi fácil, recorda. "Sofri bastante, mas o mais importante era recuperar a carreira. Eu fiquei sem gravar, as gravadoras não se animaram mais a trabalhar comigo. Você vai até onde dá para ir. Nesse limite eu parei, foi uma decisão importantíssima para mim. Eu tinha sentido tudo o que eu queria sentir com essa experiência. Eu só tomo vinho hoje em dia, diariamente a caneca de vinho que tenho direito".

A decisão de tentar a carreira de cantor veio ainda jovem. "Larguei Medicina no segundo ano. Eu me sentia agoniado na aula, não seria um bom médico. Tive que tomar a decisão de chegar em casa e contar 'não vou mais estudar, quero ir para o Rio ou São Paulo tentar a carreira de cantor e compositor'. Foi um choque, todo mundo quer ter um médico na família. Mas me deram a passagem".

Ele revela que a música Garoto de Aluguel tem a ver com sua vida. "Foram dois anos muito difíceis, 1976 e 1977. Vim pra cá achando que o que eu conhecia da vida daria para sobreviver. Foi um teste de sobrevivência diário. Algumas amigas, pessoas que eu conhecia em porta do teatro do Rio de Janeiro viam minha situação e de mais alguns colegas. Passávamos a noite juntos e depois deixavam um valor no dia seguinte para o café da manhã, um PF [prato feito]", conta.