Se Beber, Não Case ao Emmy de Chernobyl: Um plot twist na carreira de Craig Mazin
O plot twist é uma técnica literária comum em qualquer tipo de enredo, seja um filme, série ou livro. Como roteirista, Craig Mazin viu várias reviravoltas em seus textos, mas talvez não imaginasse que sua carreira tomasse rumos tão diferentes. Ontem, o cineasta saiu do Emmy vitorioso por seu trabalho em Chernobyl, uma impactante produção da HBO de cinco episódios que retrata o desastre nuclear de 1986.
"Espero que, de alguma forma, mesmo que pequeno, a nossa série tenha ajudado a lembrar as pessoas do valor da verdade e do perigo da mentira. Eu acho que, na televisão, a gente consegue eternizar memórias. É um poder e uma responsabilidade de todos nós. Muito obrigado", disse ele na cerimônia.
Além de melhor minissérie, Chernobyl levou os prêmios de melhor roteiro, do próprio Mazin, e melhor direção para Johan Renck.
Da comédia ao horror
Misturando drama com um tom de documentário, Chernobyl colocou os holofotes sobre Craig Mazin. Embora seu nome esteja longe de ser novidade em Hollywood.
Sua carreira no entretenimento começou no meio dos anos 90 como executivo de marketing da Walt Disney Pictures, onde escrevia e produzia roteiros para as campanhas do estúdio.
A estreia como roteirista veio em 1997 como Pirado No Espaço, uma comédia escrachada, assim como o próximo título que escreveu: Sem Sentindo (1998).
Em 2000, fez seu primeiro filme como diretor: Os Especiais, um filme com orçamento bem baixo - assim como suas avaliações - com roteiro assinado por James Gunn.
Sua habilidade para os textos de comédia deixaram seu nome sempre próximo de grandes produções do gênero naquela época. Craig Mazin é creditado nos roteiros de Todo Mundo em Pânico 3 (2003), Todo Mundo em Pânico 4 (2006), Se Beber, Não Case! Parte II (2011) e Se Beber, Não Case! Parte III (2013).
Entre as duas franquias, ainda teve tempo de fazer o roteiro e direção de Super-Herói: O Filme (2008), mais uma sátira escrachada do gênero em plena ascensão naquela época. O longa contava com nomes como Sara Paxton, Leslie Nielsen e Kevin Hart.
Diante de uma história cheia de títulos famosos na comédia, a reviravolta veio justamente ao narrar uma das maiores tragédias da humanidade.
"Nós vivemos em uma época em que as pessoas parecem estar voltando ao conceito nocivo de que o que nós queremos que seja verdade é mais importante do que a verdade em si. É como se a verdade tivesse virado piada. Uma das lições mais importantes de Chernobyl é que a verdade não depende de nós. O sistema soviético estava mergulhado no culto de uma narrativa, e um dia a verdade veio à tona", disse ele em uma entrevista à imprensa brasileira em maio.
E por que contar a história de Chernobyl?
Tudo começou com um artigo que Craig Mazin se deparou há cinco anos. Na ocasião, uma nova obra de contenção estava sendo realizada no local.
"Aí eu pensei que, como quase todo mundo, eu sabia que Chernobyl tinha explodido, mas não sabia por quê. Era impressionante. Então comecei a ler sobre o assunto. Dois fatos me chamaram a atenção imediatamente. O primeiro era que na noite da explosão estavam fazendo um teste de segurança", afirmou.
"Quanto mais eu lia, mais histórias descobria. Era quase impossível enumerar a quantidade de histórias chocantes, brutalmente reveladoras, inspiradoras, desanimadoras que existiam. Trabalhei com esse riquíssimo material para mostrar o melhor e o pior da humanidade".
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