Caixa Cultural cancela peça infantil sobre ditadura; diretor alega censura
A Caixa Cultural Recife cancelou as apresentações do espetáculo infantil Abrazo, que estavam previstas para este e o próximo finais de semana. A peça, organizada pelo grupo teatral Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), mostra um país que proíbe demonstrações de afeto e expõe de maneira sutil temas como ditadura, censura e repressão.
O diretor do espetáculo, Marco França, acusou a Caixa Cultural de censurar as apresentações, em vídeo divulgado por ele em sua rede social. Abrazo é inspirado em O Livro dos Abraços, do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015).
"Uma censura travestida com argumentos jurídicos. Vivemos um momento de barbárie no país, onde a verba pública para pesquisa e educação são cortadas, onde livros são censurados, onde artistas estão sendo perseguidos e tendo suas obras censuradas. Não nos calarão! Enquanto houver espaço para falar, estaremos aqui denunciando", protestou.
Procurada pelo UOL, a Caixa Cultural nega ter censurado o grupo Clowns de Shakespeare e atribuiu o cancelamento das encenações a um "descumprimento contratual" por parte da companhia teatral. Os ingressos já comprados serão ressarcidos, informou a assessoria do equipamento do banco público.
"A Caixa informa que por descumprimento contratual cancelou o espetáculo Abrazo, com apresentações programadas no espaço cultural do banco. O contrato com o Clowns de Shakespeare foi rescindido, conforme comunicado ao grupo nesta data", diz a nota enviada à reportagem.
Mais tarde, o Clowns de Shakespeare divulgou nota em que chama a justificativa da Caixa Cultural de "genérica" e admite perplexidade com a suspensão do contrato de patrocínio, obtido por meio de edital.
"Nenhum esclarecimento adicional nos foi dado, o que nos moveu a solicitar da Caixa o parecer jurídico e a decisão administrativa relativos a essa rescisão, com detalhamento para que possamos analisar e nos posicionar apropriadamente sobre o caso. Até o momento estamos perplexos diante dessa atitude, uma vez que não reconhecemos qualquer indício de infração que pudesse ter sido eventualmente cometida, pois cumprimos com tudo que estava contratualmente previsto", rebateu.
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