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Paulo Coelho faz coro a editoras contra fiscalização de Crivella na Bienal

O escritor brasileiro Paulo Coelho - Laurent Gillieron/AP
O escritor brasileiro Paulo Coelho Imagem: Laurent Gillieron/AP

Lolla Ferreira

Colaboração para o UOL

06/09/2019 15h20

Enquanto agentes da Secretaria de Ordem Pública da Prefeitura do Rio buscavam livros expostos "impróprios" para crianças, editoras se posicionaram publicamente contra a ação. A ordem de Crivella foi procurar obras que estejam descumprindo o artigo 78 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que prevê embalagens lacradas para "material impróprio", pornográfico ou obsceno. Mas o ponto de partida para a caça aos livros foi uma história em quadrinhos que continha um beijo de casal gay, sem cena de sexo.

O escritor Paulo Coelho também se manifestou nas redes sociais. Ele chamou a fiscalização de "neotalibã" e citou uma de suas obras, 11 minutos, que contém cenas de prostituição e prática BDSM e provocou: "Eles ainda não ousaram em encostá-lo".

Com medo de ter algum material recolhido, algumas editoras "esconderam" livros com temática LGBT+, mas outras emitiram nota de repúdio à ação. A palavra comum a todas foi: "censura".

A editora Todavia, com estande na Bienal, destacou todo o seu conteúdo LGBT+ logo à frente do espaço. Nas redes sociais, a Todavia afirmou que repudia "toda e qualquer forma de censura" e também "a ideia de que existam livros impróprios".

A editora Galera Record também repudiou "toda e qualquer censura" e acrescentou que vê na literatura uma forma de combate ao preconceito, por meio da representatividade: "Homofobia é crime e acreditamos que o papel do estado é incentivar a leitura e não criar barreiras que marginalizem uma parcela da população que já sofre com a intolerância", afirmou a editora em nota.

Também a editora WMF Martins Fontes publicou nota e prestou solidariedade aos editores que tiveram seus stands fiscalizados. Como todas, também repudiou "toda forma de censura". A Planeta de Livros Brasil fez coro às outras empresas e acrescentou que sente orgulho do seu catálogo, que aborda questões LGBT+: "Orgulho dos livros que publicamos, da pluralidade de vozes dos nossos autores e leitores". A Pólen Livros também se manifestou: "A história de nosso país tem um período manchado por atitudes horríveis e vamos fazer de tudo para que isso não se repita".

Até a publicação desta matéria, a Secretaria de Ordem Pública não havia divulgado balanço da fiscalização.