Edital do BB para patrocinar filmes pergunta se há cenas de nudez ou sexo
Um edital para a seleção de projetos de audiovisual de longa-metragem lançado pela BB DTVM, gestora de fundos de investimentos do Banco do Brasil, pergunta se há cenas de nudez ou sexo explícito nos filmes que tentam receber patrocínio da empresa via Lei do Audiovisual.
"Serão exibidas cenas de nudez ou sexo explícito?", questiona o edital. O documento ainda traz outras perguntas, como "A obra tem cunho religioso ou político?" e "A obra faz referência a crimes, drogas, prostituição ou pedofilia?".
O presidente Jair Bolsonaro tem feito críticas à Ancine (Agência Nacional de Cinema) e disse que busca a extinção do órgão. Em entrevista à jornalista Leda Nagle na semana passada, Bolsonaro afirmou que não quer filmes como o da Bruna Surfistinha bancados com dinheiro público.
Para o Sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e Região, o edital é uma tentativa de censura por parte do governo. "É um absurdo o governo usar o Banco do Brasil para aplicar esta clara tentativa de censurar, através da força do dinheiro, o cinema brasileiro. Se um filme aborda uma temática relacionada a uma religião diferente da do presidente, não poderá ser realizado?", disse o secretário de Assuntos Jurídicos da entidade, João Fukunaga.
O sindicalista afirma que vários filmes brasileiros com cenas de nudez já foram premiados internacionalmente e que, além de atentar contra o estado laico, a postura do governo e da direção do banco é equivocada.
"Não é doação para a produção, mas sim um investimento que traz retornos não só financeiros, mas como forma de fomento a uma indústria e de preservação do patrimônio cultural do nosso país", declarou.
Empresa diz que prioriza conteúdo acessível a todas as idades
Em nota, o Banco do Brasil informou que, desde 2006, a BB DTVM utiliza incentivos fiscais previstos na Lei do Audiovisual realizando aquisição de Certificados de Investimento Audiovisual (CAV).
A empresa diz que, para 2019, divulgou novo edital para investimento em CAV "buscando, como nos anos anteriores, estabelecer um processo que permita alocar recursos da melhor maneira possível, respeitando a legislação, os normativos vigentes e priorizando projetos com conteúdo acessível para todas as idades".
Bolsonaro vetou propaganda BB
Em abril, o Banco do Brasil e o governo foram alvos de críticas após Bolsonaro mandar tirar do ar uma propaganda do banco com atores que representavam a diversidade racial e sexual. A campanha trazia jovens com tatuagens, negros e uma personagem transexual.
Além da retirada da propaganda, o episódio também levou à demissão do então diretor de Comunicação e Marketing do BB, Delano Valentim.
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