Chernobyl e mais: As minisséries se tornaram as grandes estrelas do Emmy
A produção de TV mais aclamada do ano está no Emmy, mas você não vai vê-la na categoria de melhor série dramática, tradicionalmente a mais comentada da premiação. Não se trata de esnobada, mas sim de uma questão técnica: com apenas cinco episódios, Chernobyl, da HBO, está indicada ao prêmio de melhor minissérie - e é uma das provas de que a categoria se tornou a mais interessante do Emmy nos últimos anos.
Chernobyl, um retrato impactante do horror em torno do desastre nuclear de 1986, está bem acompanhada na disputa. Concorrem com ela Olhos Que Condenam, produção de Ava DuVernay (Selma) sobre o caso real de quatro jovens condenados injustamente por um estupro; Fosse/Verdon, um retrato do relacionamento conturbadíssimo entre o diretor Bob Fosse e a dançarina Gwen Verdon; Sharp Objects, a fascinante história de uma repórter que volta a sua cidade natal para investigar um assassinato; e Escape at Dannemora, que relata os eventos que levaram à fuga em massa de uma prisão em Nova York.
Nenhuma das minisséries está lá para esquentar lugar: as cinco são produções sólidas e de qualidade inquestionável, marcadas por histórias bem construídas e talentos de primeira linha à frente das câmeras e atrás delas. Alguns deles são figurinhas frequentes em outra premiação, o Oscar -- caso de Amy Adams, Patricia Arquette e Sam Rockwell.
Frente a elas, as produções que concorrem ao prêmio de melhor série dramática empalidecem. Game of Thrones, a grande favorita, teve uma última temporada marcada por críticas negativas por parte do público e dos veículos especializados, e nenhuma de suas sete concorrentes tem força suficiente para destroná-la - ou para ao menos se firmar como uma grande alternativa.
As recém-chegadas Pose, Succession e Segurança em Jogo ainda não alcançaram o ápice de sua repercussão (e o Emmy tampouco tem o hábito de premiar estreantes); já Killing Eve, Ozark, This is Us e Better Call Saul acabam enfraquecidas por temporadas que, ainda que estejam longe de serem ruins, não atingiram a mesma qualidade de suas predecessoras.
Talvez esteja aí um dos grandes trunfos das minisséries: sem a necessidade de estender suas histórias por sabe-se lá quantos anos a fio, elas exibem uma precisão quase cirúrgica para contá-las. Como bônus, a duração limitada também ajuda a atrair os talentos de Hollywood que normalmente não se comprometeriam a uma produção sem prazo para terminar.
É uma tendência crescente dos últimos anos, da qual o melhor exemplo é Big Little Lies, que reuniu um elenco de peso encabeçado por Nicole Kidman e Reese Whiterspoon. A produção da HBO foi originalmente concebida como minissérie e venceu o Emmy da categoria em 2017, antes de ser renovada por conta de sua ótima repercussão entre público e crítica. Ela foi seguida, em 2018, por The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story, que trouxe atuações assombrosas de Penélope Cruz e Darren Criss.
A julgar pela disputa de 2019, o reinado das minisséries no Emmy - e na TV em geral - não deve acabar tão cedo. Bom para nós: com tantas séries para manter em dia, é reconfortante saber que podemos acompanhar uma boa história do começo ao fim em alguns poucos episódios.
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