Criador de Aruanas diz que questão ambiental é para ser discutida no jantar de família
Centrada em três mulheres que dedicam suas vidas à preservação da Amazônia, Aruanas, nova série do Globoplay, chega hoje com um timing ironicamente apropriado: apenas uma semana após um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) criticar o governo brasileiro por, entre outras medidas, defender a liberação de partes da Amazônia para a mineração.
Taís Araújo, Débora Falabella e Leandra Leal encabeçam o elenco da produção, interpretando três ativistas que dedicam suas vidas à ONG Aruana. O principal rival delas ao longo dos dez episódios? O empresário Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos), que explora ilegalmente a mineração no coração da floresta, na fictícia cidade de Cari.
Trata-se de uma coincidência que, aos olhos dos criadores da série, a tornou ainda mais relevante. "A gente deixou de ser importante para ser fundamental", resume Marcos Nisti, que criou Aruanas em parceira com Estela Renner. "É uma série a favor da vida, do ativismo. Tem um aspecto da política brasileira que existe há vários anos, não é de agora. Mas temos um momento em que essa situação de ameaça, como a questão ambiental está sendo tratada, então a gente entra para o lado do essencial. Isso precisa ser visto, falado, precisa ser discutido no jantar de família".
Para Leandra Leal, a série vai muito além da política ao falar não só do meio ambiente, como também da vida das ativistas, que paralelamente à causa enfrentam dramas como relacionamento abusivo, traição e problemas familiares. "Espero que a gente contribua para que as pessoas vejam que são pessoas correndo risco, se sacrificando, que têm seus dramas comuns, suas paixões, suas desilusões, suas famílias", diz a atriz, que complementa:
A causa ambiental extrapola qualquer polarização, qualquer debate. É uma série que fala sobre o futuro, qual o futuro que você quer.
Filmagens na Amazônia
Feita com a consultoria do Greenpeace e com o apoio de organizações que defendem direitos humanos e ambientais, Aruanas foi à própria Amazônia para gravar suas cenas. Elenco e equipe passaram cerca de dois meses em Manaus e redondezas, uma experiência que as atrizes consideraram inspiradora.
"Foi muito especial começar filmando lá, pra ter uma dimensão do que a gente estava falando", conta Taís Araújo. "Eu nunca havia estado na Amazônia. Eu tinha ido ao festival de Parintins, há mais de 20 anos. Mas esse tempo de ficar lá, e conviver com as pessoas, com o elenco local, foi muito enriquecedor, porque o nosso tema é esse".
Para Leandra, as gravações in loco colaboraram para criar a sintonia entre o elenco. "A série retrata o dia a dia de pessoas que estão ali juntas por um ideal, uma causa comum, e são pessoas que compartilham uma intimidade muito grande. É um trabalho intenso, as pessoas ficam ali o dia inteiro, passam perrengues juntas. Foi importante para a gente criar laços".
A atriz realizou um antigo desejo de retornar à Amazônia graças a Aruanas: "Entrei no Rio Negro e pedia: 'Me traga de volta, me traga de volta'. E estou fazendo essa série".
"Essa série foi transformadora para todos nós", conclui Débora Falabella. "Para mim, pelo menos, a questão ambiental era algo que eu tinha consciência, mas sobre o qual eu talvez não estivesse tão informada. Acho que a série trouxe isso para todos nós".
Os dez episódios de Aruanas já estão disponíveis no Globoplay.
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