Neto de Dona Ivone Lara abre o baú e lança duas músicas inéditas da avó
Pouco mais de um ano após a morte de Dona Ivone Lara, seu baú começa a ser aberto. Repleto de canções e de trechos de letras e melodias, começa a ser desvendado por seu neto, André Lara, que, no final de maio, lançou, nas plataformas digitais, o EP Doces Recordações. Composto de seis faixas, traz, além da evidente homenagem de neto para avó, o registro de duas músicas jamais gravadas da grande diva do samba.
"As coisas acabaram acontecendo naturalmente. Eu já estava planejando gravar o meu primeiro disco e, na mesma época, minha avó veio a falecer. Achei que seria certo iniciar esta trajetória fazendo esta homenagem a ela, regravando alguns sucessos e revelando novas músicas. É a minha forma de dar continuidade ao legado", explica Lara, que por 12 anos foi músico da banda de Dona Ivone, além de ter sido, por muitos anos, sua companhia em shows e turnês.
Ao lado de clássicos como Sorriso de Criança e Alguém me Avisou", o EP conta com novidades como Sombras na Parede e Dia de Samba no Bonfim. A primeira é de André com a avó e com o seu mais tradicional parceiro, Délcio Carvalho. "Essa música foi feita há uns oito anos, na época em que ela tinha retomado a parceria com o Délcio. Tive uma ideia de melodia, minha avó a terminou e o Délcio colocou a letra", relembra André. Já a segunda, de Dona Ivone com o cavaquinista Bruno Castro, havia sido composta para um álbum que acabou não sendo lançado pelo músico.
Aos 37 anos e com consolidada trajetória nas rodas de samba e palcos cariocas, André assumiu o papel de perpetuador do legado de Dona Ivone Lara. Ao lado do irmão, Jorge e a mãe, Eliana, começou, há alguns meses, a pesquisar todo o acervo que a avó deixou. O processo de pesquisa ainda está no começo, mas já foram encontradas 20 músicas inéditas, que deverão ser registradas futuramente. Segundo André, a produtividade de Dona Ivone era impressionante: "Mesmo no fim da vida, com mal de Alzheimer, ela ainda tinha o dom de compor. Às vezes vinha e já mandava uma melodia e a gente gravava. Colocava letra e saía uma música", relembra.
O objetivo, a partir de agora, é continuar a garimpagem e dar vida a todo este material inédito. Os cadernos de anotações estão sendo lidos e as fitas K7, algumas com décadas de uso, sendo digitalizadas e decupadas. "Estamos revirando nas fitas e sempre encontramos algo precioso. Outro dia, encontrei uma melodia que ela iria mandar para o João Nogueira. Ela toca no cavaquinho e fala 'João, essa é para você'", conta André, que também descobriu, recentemente, duas canções que estavam prontas para serem entregues à Beth Carvalho - a cantora, recentemente falecida, foi uma das que mais gravou a obra de Dona Ivone.
Nos planos de André estão o lançamento deste material inédito em um álbum completo e com convidados. "Se tudo der certo, sairá no ano que vem. Mas, para isso, temos que trabalhar bastante este EP", acredita o músico, que promoverá, em julho, um show de lançamento de Doces Recordações. O local em negociação, não poderia ser outro: Madureira, bairro do Império Serrano de Dona Ivone.
5 Comentários
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.
De relance pensei que era o Alex jogador, agora se ele tiver o dom da Avó, tudo dara certo, ainda mais com esse instrumento na mão que é um dos mais lindos tocado no nosso MPB seja bem-vindo garoto, precisamos que a subsituição LENDAS como sua Avé estejam de volta na nossa música tupiniquim que anda sumida das mídias atuais, porque vemos em pautas outros generos musicais em alta no BR.
Esse jogava bola, Alex foi uns dos melhores jogadores que o Palmeiras já teve, agora quer ser cantor, se for tão bom como jogava vai ter futuro.