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Festival In-Edit põe músicos assassinados em cartazes em campanha contra armamento

Cartaz do In-Edit com Sabotage - Divulgação
Cartaz do In-Edit com Sabotage Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

12/06/2019 10h18

O Festival In-Edit Brasil, uma mostra internacional de documentários musicais, começa hoje, em São Paulo, com uma mensagem contra o armamento da população. Em um post nas redes sociais feito ontem, um comunicado apresenta cartazes de músicos mortos por armas de fogo e critica decreto do presidente Jair Bolsonaro, que facilita a posse deste tipo de objeto.

"O #InEditBrasil, Festival Internacional do Documentário Musical, se posiciona contra o Projeto de Decreto n° 9785, de 2019 que facilita a venda de armas de fogo para a população. Para nós, o uso de armamentos deve ser restringido a polícia e as forças armadas e sob o rígido controle da justiça", afirma nota da organização.

"Como protesto, o festival apresenta sua comunicação com a imagem de 4 músicos brasileiros que perderam a vida pelo disparo de balas: Sabotage, MC Daleste, Speedfreaks e Evaldo Rosa. Todos eles deixaram um vazio enorme em suas famílias e no mundo artístico. Com esta ação, o In-Edit Brasil pretende conscientizar a sociedade sobre o perigo desta decisão que certamente afetará tristemente a todos nós", completa o comunicado.

Nos quatro cartazes, os artistas destacados pelo n-Edit aparecem com imagens de bala em seus olhos. Sabotage foi assassinado em 2003, quando foi abordado por um homem e levou quatro tiros. Já o MC Daleste foi assassinado com dois tiros enquanto fazia um show em Campinas, em 2013.

O In-Edit vai até o dia 23 e traz documentários nacionais e internacionais, longas e curtas, além de shows, debates e participação de diretores e demais profissionais envolvidos nos documentários musicais.

Entre as atrações deste ano, há produções biográficas, como as que contam as trajetórias de Alceu Valença e Edy Star, e de retratos de cenas brasileiras, como a do funk feita por mulheres e do sound system, por exemplo.

A abertura será com o britânico My Generation, no Cine Sesc, na região central da capital paulista. Dirigido por David Batty, o longa-metragem é narrado em primeira pessoa pelo ator Michael Caine, que conta a história da cena cultural inglesa dos anos 1960. Com depoimentos de personagens como Paul McCartney e Marianne Faithfull, o filme mostra como os jovens trabalhadores de periferia assumiram o protagonismo artístico do país à época.

Alceu Valença estará na sexta-feira, no Cine Sesc, para conversar com o público após a exibição de Na embolada do Tempo, que traz a trajetória do músico, iniciada na década de 1970, desde a infância em São Bento do Una (PE) até o presente. Dirigido por Paola Vieira, o filme apresenta a obra e reflexões do artista a partir de imagens de arquivo e depoimentos.

Parte da programação cinematográfica será acompanhada por shows musicais. A Banda de Pífanos de Caruaru e Mestre Biano vai tocar logo após a exibição de Pipoca Moderna, na Cinemateca Brasileira, na zona sul paulistana. O filme mostra Sebastião Biano, aos 100 anos de idade, rodando Pernambuco ao lado dos sobrinhos, fazendo apresentações, gravações e revendo familiares.

A programação ocorre no CineSesc (região central), no Cine Olido (centro), no Centro Cultural São Paulo (zona sul), na Matilha Cultural (centro) e na Cinemateca Brasileira (zona sul). Os horários estão disponíveis na página do festival.