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"Black Mirror": Episódio alerta sobre armadilhas das redes sociais, mas soa clichê

Cena de "Smithereens", de "Black Mirror" - Divulgação
Cena de "Smithereens", de "Black Mirror" Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

05/06/2019 11h26

Lançado hoje, "Smithereens" é o segundo episódio da quinta temporada de "Black Mirror", e vinha sendo promovido com o enredo de um motorista de um aplicativo como o Uber, que sequestra um passageiro e reclama de uma sociedade "viciada". O vício, revela o episódio em seu enredo, é o uso das redes sociais.

Sem revelar grandes spoilers da trama, é possível dizer que "Smithereens" serve como um alerta para os perigos e armadilhas de se estar 24h conectado, tanto pelo uso exacerbado dos aplicativos quanto pela vigilância das empresas que promovem este serviço. Mas o tratamento dado a isso não sai muito do óbvio.

O personagem principal é Christopher Gillheany (Andrew Scott), que surge fazendo uma meditação guiada no início do episódio, mas que claramente é uma pessoa com perturbações. Motorista de um aplicativo, ele frequenta reuniões com outras pessoas com problemas psicológicos.

Em dado momento, Christopher sequestra um empregado da empresa que dá nome ao episódio, que é uma gigante das redes sociais, e passa a expor à polícia qual sua intenção com o rapto do jovem.

Veja o trailer do episódio

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Um "Black Mirror" contemporâneo

Em diversos momentos, é possível traçar paralelos com a realidade atual, afinal, o aplicativo de motoristas é uma alusão simples ao Uber e a , Smithereens é exatamente como o Facebook - aliás, a empresa já foi citada discretamente em outro episódio, o interativo Badersnatch -, além de seu dono poder ser facilmente uma versão de Jack Dorsey, um dos criadores do Twitter.

Isso se dá pelo fato de a trama se passar em 2018 e pelas intenções dos criadores. Ao Entartainment Weekly, Charlie Brooker explicou: "Nós queríamos um episódio contemporâneo, sem qualquer elemento de ficção científica".

Se estamos acostumados a ser surpreendidos com futuros distópicos, aplicativos que parecem reais demais para ainda não serem inventados ou tecnologias soturnas em "Black Mirror", desta vez tudo é bem real.

Então, "Smithereens" aparece como um dos episódios menos futuristas de "Black Mirror" e em que o público mais consegue identificar sua realidade com a dos personagens.

É aí que residem os pontos positivos do episódio, com reflexões importantes, que muitas vezes passam batidas nestes tempos de vida conectada. Ainda assim, nada que os telespectadores não pudessem descobrir sozinhos.

Apesar da reflexão necessária, que vem em detalhes da trama, o enredo é um pouco batido. Filmes e séries com sequestro, reféns, negociações e atiradores de elite prontos para dar um disparo são comuns. Mesmo os arcos mais dramáticos que vão sendo conhecidos com a história de Christopher Gillheany acabam sendo simples, até clichês.

Ao fim, "Smithereens" faz pensar e isso é bom. Mas fica aquém do que se espera da série nos últimos anos.