"Dilema": Série da Netflix é ruim, mas impossível de parar de ver
"Dilema" ("What/If"), nova série da Netflix estrelada por Renée Zellweger, é ruim, cafona e, em boa parte do tempo, não faz sentido algum - mas também é impossível parar de vê-la.
Criada por Mike Kelly, o mesmo homem por trás de "Revenge", a história começa como uma versão de "Proposta Indecente" com os gêneros trocados. Anne Montgomery (Zellweger), uma poderosíssima investidora com ares de femme fatale, se oferece a investir a nada modesta quantia de US$ 80 milhões na empresa de biotecnologia de Lisa (Jane Levy), uma cientista promissora que está indo à falência. A condição? Uma noite com o marido de Lisa, Sean (Blake Jenner).
A minissérie tira a comparação do meio do caminho logo em seu início. "Essa ideia parece tirada de um filme ruim dos anos 1990", diz Lisa, ao que Anne prontamente responde: "Eu achei que aquele filme era bem decente". É um diálogo risível e forçado, ainda que divertido - uma pequena amostra do texto piegas que "Dilema" continuará oferecendo adiante.
A trama é calcada nos clichês que fazem um bom novelão: a antagonista tem um plano maior e mais sinistro, a mocinha com um passado trágico quer salvar vidas, e o seu marido esconde um segredo horrível. E, claro, há muitas reviravoltas guardadas (todas relativamente previsíveis, vale notar).
Como boa novela, "Dilema" conta ainda com duas tramas paralelas que quase não guardam relação com a história principal a não ser o fato de que elas também giram em torno de, veja só, dilemas. Uma é a de Marcos (Juan Castano), irmão de Lisa, que se arrisca ao introduzir uma terceira pessoa em seu relacionamento com Lionel (John Clarence Stewart); a outra é a de Angela (Samantha Marie Ware), uma brilhante médica residente que tem um casamento duradouro com Todd (Keith Powers) mas mantém um caso extraconjugal com seu chefe (Dave Annable).
As duas histórias, que se arrastam mais do que deveriam, parecem meras pausas para a trama principal, que é indiscutivelmente de Renée Zellweger. Na pele de Anne, a atriz vencedora do Oscar não se leva nem um pouco a sério e está claramente se divertindo. Pudera: afinal, que outra personagem lhe permitiria praticar arco e flecha na sala de estar de um apartamento chiquérrimo? Sempre sussurrando e usando saltos altíssimos em cena, ela cria uma vilã poderosa que é uma delícia de se assistir em meio a um elenco, no mínimo, pouco inspirado.
A situação da atriz, no fim das contas, representa muito bem aquilo que é "Dilema": uma produção trash, mas, em muitos momentos, irresistível. Sua história se torna cada vez absurda conforme os episódios avançam, mas no fim isso pouco importa: se o que você procura é um pouco de diversão descompromissada, pode assistir sem medo. É o guilty pleasure que você precisava, mas não sabia.
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