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Frank Lucas, criminoso vivido por Denzel Washington em "O Gângster", morre aos 88

O ex-gângster Frank Lucas - Reprodução
O ex-gângster Frank Lucas Imagem: Reprodução

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

31/05/2019 15h24

Frank Lucas, criminoso interpretado por Denzel Washington no filme "O Gângster" (2007), morreu ontem aos 88 anos. Adam Lassiter, sobrinho de Lucas, confirmou ao site da Rolling Stone a morte por causas naturais do ex-chefão das drogas de Nova York.

Nos anos 1970, Lucas construiu um império do tráfico sediado no bairro do Harlem. Como o filme inspirado em sua vida mostra, ele inventou uma forma única de contrabandear heroína de países asiáticos: levando a droga para os EUA dentro dos caixões de soldados mortos na Guerra do Vietnã.

"Quem vai olhar no caixão de um soldado?", explicou Lucas à revista "New York", em 2000. "Nós fabricamos 28 cópias dos caixões que o governo produzia para trazer os soldados mortos para o país, mas colocamos fundos falsos neles. Cada caixão vinha com seis ou oito quilos [de drogas]".

Dirigido por Ridley Scott, "O Gângster" mostrava Lucas no auge de seus poderes, e contava a história de um policial honesto (Russell Crowe) que tentava desafiá-lo. Washington foi indicado ao Globo de Ouro por sua performance no papel.

"American Gangster" também é o nome do álbum que o rapper Jay-Z lançou no mesmo ano do filme, inspirado pela vida de Lucas. "Eu sinto algo quando vejo afro-americanos alcançarem uma posição de poder, não importa o que eles estejam fazendo. A vontade é gritar: 'Vai! Vai!'", explicou ele à "Rolling Stone" na época.

Lucas foi preso em 1975 e condenado a 70 anos de prisão. No entanto, o ex-chefão se provou uma testemunha valiosa para a apreensão de outras figuras do crime organizado, e acabou saindo do confinamento em 1981.

Em 1984, Lucas voltou a ser preso por um crime relacionado ao tráfico de drogas, desta vez passando sete anos atrás das grades. Depois da segunda liberação, o ex-criminoso viveu discretamente em Nova York. Paralisado por um acidente de trânsito, ele lançou uma autobiografia em 2011.

Na entrevista de 2000 com a "New York", ele explicou: "O fato é que eu estou aqui falando com você, quando poderia e deveria estar morto e enterrado há mil anos. Sabe por que isso aconteceu? Porque as pessoas gostam de mim. Eu sou adorável".