Penúltimo episódio de "Game of Thrones" impressiona, mas também frustra
ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers de "Game of Thrones". Não leia se não quiser saber o que acontece
"Game of Thrones" tem transitado entre seu melhor e seu pior em sua oitava e última temporada, e não foi diferente com "The Bells", o penúltimo episódio de toda a série. O capítulo foi impressionante e excitante, mas, frustrou um pouco por conta do roteiro apressado, um problema recorrente com o qual a saga da HBO vem lidando nos últimos tempos.
Dirigido por Miguel Sapochnik, o mago por trás das grandes batalhas da série, "The Bells" trouxe o aguardado embate entre as forças de Daenerys (Emilia Clarke) e Cersei (Lena Headey) - e foi em meio ao caos e à destruição que ele verdadeiramente brilhou.
De muitas formas, o confronto das duas rainhas foi muito diferente da Batalha de Winterfell, também comandada por Sapochnik. A começar pela iluminação: o conflito em Porto Real ocorreu em plena luz do dia, sob o sol, o que rendeu imagens belíssimas - e aliviou para o espectador que sofreu com a escuridão da guerra contra os mortos. As duas batalhas também foram diferentes em sua natureza, com a segunda mais centrada nas perdas humanas da guerra.
Não poderia ser diferente, dada a guinada de Daenerys à loucura e à tirania, sobre a qual falaremos mais adiante. Para ilustrar a virada trágica da personagem, que seguiu atacando a cidade mesmo após o soar dos sinos da rendição, a câmera entrou nas vielas apertadas da capital dos Sete Reinos, onde corpos carbonizados se misturavam a feridos e civis desesperados tentando fugir, em um clima de claustrofobia. A destruição, em boa parte, foi retratada pelo ponto de vista de Arya (Maisie Williams). Ela, responsável por derrotar o temido Rei da Noite, teve de se concentrar em apenas sobreviver, em uma sequência de tirar o fôlego que esteve entre os pontos altos do episódio.
Mas a série também entregou boas sequências em meio à (relativa) calmaria. A despedida de Tyrion (Peter Dinkage) e Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) foi particularmente tocante, e seus dois intérpretes conseguiram dar ainda mais profundidade aos personagens, que nos últimos tempos não estavam sendo exatamente bem tratados pelo roteiro.
Mesmo a controversa morte de Cersei foi interessante, do ponto de vista simbólico. O desfecho da personagem, apesar de não ser chocante como alguns esperavam, foi extremamente irônico, ainda que não sutil: a vilã acabou soterrada pelos escombros da Fortaleza Vermelha, símbolo máximo do poder que ela tentou manter a todo custo.
O que não funcionou
Apesar de ter fornecido sequências épicas, "The Bells" trouxe, mais uma vez, um roteiro falho e exageradamente apressado por parte da David Benioff e D.B. Weiss, os showrunners da série - e constatar isso não tem nada a ver com querer um final feliz que já sabemos de antemão que não virá.
Sim, "Game of Thrones" deu, ao longo de várias temporadas, indícios de que Daenerys tinha tendências à tirania e à violência, mas foi dado pouquíssimo tempo para que essa transição fosse feita de forma convincente. No espaço de alguns episódios, a Mãe dos Dragões perdeu dois filhos e dois amigos leais (Jorah e Missandei), foi traída pelo homem que amava e se viu completamente isolada em uma terra nova. Seria o suficiente para enviar qualquer um à loucura; faltou, no entanto, uma liga que justificasse a decisão abrupta que ela tomou em matar inocentes - os mesmos que, em Essos, ela se preocupou em libertar.
Outras derrapadas também tiraram um pouco do brilho do episódio. Drogon e Daenerys conseguiram sem grandes dificuldades queimar toda a frota de Euron Greyjoy e os escorpiões de Cersei, sendo que há apenas um episódio Rhaegal acabou morto com igual facilidade. Aliás, o pirata, que pouco acrescentava à série, ainda teve um embate patético com Jaime, do qual ninguém sentiria falta.
O veredito
Em seu penúltimo episódio, "Game of Thrones" impressionou pelo primor técnico e conseguiu entregar uma história instigante, mas tropeçou, mais uma vez, em um roteiro frágil. De qualquer forma, a série baseada nos livros de George R. R. Martin conseguiu preparar o terreno para um desfecho que será, inevitavelmente, trágico. Será ele também imprevisível?
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