Com festa e reza, Beth Carvalho ganha "samba de sétimo dia" no Rio
Em vez de missa em clima fúnebre, o sétimo dia da morte da sambista Beth Carvalho foi lembrado hoje no Rio de Janeiro com uma empolgada roda de samba. O Circo Voador, na Lapa, abriu as portas no fim da tarde para a homenagem à sambista, que morreu aos 72 anos de infecção generalizada na última terça.
Os fãs cantaram e sambaram numa liturgia que não contrariou o espírito alegre da artista e noite contou até com improvisação da apresentadora Regina Casé.
"Essa é uma verdadeira missa do samba. O Circo Voador não foi escolhido por acaso. Aqui é um lugar múltiplo. E cada um de nós tem que agradecer por estar aqui celebrando tudo que a Beth nos deixou", afirmou o empresário da cantora, Afonso Carvalho.
O acesso ao público só foi liberado exatamente às 17h33, hora da morte da sambista, sob uma chuva fina.
O palco da casa estava praticamente vazio e uma bandeira da Mangueira, escola de samba do coração da cantora, foi pendurada no microfone, dando tom de luto.
Os músicos da própria banda da artista tocaram na pista, acompanhados na maioria das músicas pela sobrinha de Beth, Lu Carvalho.
A roda de samba também teve um momento religioso quando o padre João Damasceno fez um pronunciamento. Por volta das 18h, ele puxou a oração "Ave Maria".
"Estamos aqui festejando com ela da forma como ela gostaria de ser lembrada, na música e na alegria. Ela cumpriu a missão dela cantando e ajudando a revelar vários artistas", declarou o padre.
A atriz e apresentadora Regina Casé se juntou à roda de samba para também prestar sua homenagem à artista, cantando "Toque de Malícia". "Só sei que amo o samba e amo a Beth", disse Regina, que escolheu sua canção preferida da cantora.
Os fãs de Beth se esbaldaram ao som de sucessos de sua longa carreira. Houve muita emoção quando tocaram "Alvorada" e "Folhas Secas", que remetem diretamente à Mangueira.
Mas também teve espaço para o repertório paulista da cantora com "Tiro ao Álvaro" (Adoniram Barbosa). A cantora Teresa Cristina, que se revelou na Lapa, encantou com o sucesso "Andança".
A fã paulistana Fernanda Salerno, professora de 40 anos, assistiu a toda celebração aos prantos. Ela está no Rio desde a última quarta-feira para as homenagens.
"Desde os 4 anos eu amo a Beth. Ia aos shows dela e viajei por vários estados. Cheguei a visitá-lá e também a recebi em casa. Tenho certeza que ela ficaria realizada em saber que estamos seguindo adiante o legado dela", contou Fernanda, que tem uma assinatura de Beth tatuada no braço.
Na beirada do palco, foram colocadas reproduções das capas dos discos e Beth e, no meio delas, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), que deu político à homenagem da sambista, autodeclarada de esquerda.
"Aqui é a casa dela, do sagrado e do profano. Aqui ela pisou como sambista, cantora e militante. Vamos celebrar a Beth viva", afirmou a diretora do Circo, Maria Juçá.
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