Com batalha, "Game of Thrones" cria espetáculo caótico e supera até furos de roteiro
ATENÇÃO: o texto abaixo contém spoilers de "Game of Thrones". Não leia se não quiser saber o que acontece.
"Game of Thrones" acostumou o público a sequências de ação que se tornaram mais espetaculares e ambiciosas a cada temporada. A aguardada Batalha de Winterfell, exibida ontem, no terceiro episódio da oitava temporada, foi a culminação disso: um espetáculo caótico, repleto de tensão, que criou um clima de horror ainda inédito à série e conseguiu resistir até a decisões pouco inspiradas do roteiro.
Intitulado "The Long Night", o capítulo de 82 minutos, o maior de toda a série, entregou o que prometia: a maior sequência de batalha já feita na história da TV. Foi mais de uma hora de um confronto incansável entre o grupo de Jon Snow (Kit Harington), Daenerys (Emilia Clarke) e companhia e o exército liderado pelo inabalável Rei da Noite.
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Sob o comando de Miguel Sapochnik, o mesmo diretor de "Hardhome" e da "Batalha dos Bastardos", o episódio criou uma luta aterrorizante entre vivos e mortos - estes numericamente muito superiores aos primeiros. A mistura de neve, fogo e fumaça acentuou o ar de desespero e desolação que tomava conta dos personagens, todos claramente horrorizados frente à ameaça sobrenatural com que tinham de lidar.
Do início ao fim, foi um combate aflitivo e brutal, feito para manter os fãs roendo as unhas. Ele rendeu, também, belas imagens, como a sequência impressionante em que os dothraki marcharam em direção aos mortos com armas flamejantes, que se apagavam gradualmente enquanto eles eram engolfados pela escuridão.
O ponto negativo ficou por conta da fotografia excessivamente escura, que às vezes tornava difícil acompanhar o que acontecia - uma situação agravada pelos problemas de transmissão relatados por assinantes da HBO.
O roteiro enxuto, com poucos diálogos, também trouxe tropeços causados pela necessidade de se criar cenas visualmente impactantes. Não fazia sentido, por exemplo, Daenerys permanecer no chão com Drogon após resgatar Jon Snow, o que expôs o dragão ao ataque dos mortos sem necessidade alguma.
Em uma decisão ousada, os showrunners David Benioff e D.B. Weiss optaram por encerrar o confronto com os White Walkers no próprio episódio, com Arya (Maisie Williams) cravando uma adaga no Rei da Noite. Foi um desfecho surpreendente, mas construído habilmente ao longo dos episódios anteriores, que já haviam consolidado as habilidades da jovem Stark.
Ao fim de seus 82 minutos, "The Long Night" deixou uma sensação ambígua, entre a empolgação e as dúvidas sobre o que está guardado para os três últimos episódios da série. O confronto com os White Walkers, afinal, foi estabelecido gradualmente desde o primeiro episódio de "Game of Thrones" e vinha sendo divulgado como o grande chamariz dos novos episódios. Agora, a política de Westeros deve retornar ao primeiro plano, e um conflito com Cersei (Lena Headey) é iminente. Como pouco foi revelado, porém, a série está com os caminhos abertos para voltar às origens e nos surpreender com decisões arriscadas.
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